terça-feira, 28 de dezembro de 2010

São Silvestre de Lisboa 2010

Escrevo. Apago. Volto a escrever. Volto a apagar. Não pensem que não sei o que escrever. A mente divaga pelas suaves recordações de mais uma prova. Desta vez, foi diferente. Não foi mais uma, nem a melhor de todas. Não foi “A Prova”, foi apenas e só aquela que corri no dia certo, na altura ideal com uma companhia fenomenal! Obrigado Tandur´s.



Eu e o Vítor fizemos desta São Silvestre uma excepção à regra em todos os aspectos. Partimos de Cacilhas num dos velhinhos Cacilheiros, atravessando um Tejo, calmo e expectante na recepção a muitos corredores de domingo para mais uma São Silvestre. Como é diferente voltar a atravessar o Tejo, num baloiçar constante que nos aconchega tranquilamente entre Almada e Lisboa. Sentimos o rio, as suas histórias e as suas gentes, ao mesmo tempo que as colinas nos abraçam e acolhem naquela Lisboa, saudosa e apaixonante que muitas vezes esquecemos. Do Cais do Sodré à Praça do Comércio foi um pulo, mas depois de entrar naquela Praça Pombalina, saltamos de orgulho pela enorme e magnífica sala de visitas que acolheu todos aqueles que esqueceram o frio e vieram para a rua correr esta excelente prova.


Os 3 Tandur

Cedo encontrámos a Isabel e a pequena, mas já medalhada atleta, Vitória Almeida. Entre saudações e cumprimentos combinamos novo encontro já mais perto da hora de partida, e fomos conhecer os cantos à casa e procurar o bengaleiro, serviço gratuito disponibilizado pela organização que na minha opinião é uma verdadeira mais valia para qualquer prova. Pelo caminho, um grande abraço ao Carlos Cerqueira que estava com a corda toda para baixar dos 40min.. Mochila entregue e os atletas prontos de regresso à zona da partida, era tempo de juntar os Tandur para a foto da praxe e surpreender o António Almeida com ideia de fazermos a corrida sempre lado a lado. Tudo a postos e tiro de partida, para as senhoras, que os homens tinham de esperar mais um pouco. Agora sim, tiro de partida e lá partimos os três Tandur, lado a lado, para calcorrear as lindíssimas ruas de Lisboa, abrilhantadas pelas suas iluminações de Natal.


A primeira volta passou num ápice, a conversa animada marcava o ritmo da corrida de tal modo, que nem o abastecimento vimos. Entre gargalhadas ainda tivemos tempo para mais uma foto a três, tirada pela Isabel Almeida. Depois, a magnifica subida para o Marquês. A Avenida da Liberdade era um mar de atletas, cercados por uma moldura humana incansável e pelas excelentes decorações de natal que criavam um ambiente bastante sui generis para uma corrida nocturna. Chegados ao ponto mais alto da prova, era tempo de descer, de volta ao rio, agora num passo acelerado mas de olhos postos no lado contrário para cumprimentar os companheiros e amigos que ainda subiam a avenida. No meio da distracção, nem víamos o Fernando Andrade, que passava por nós num ritmo alucinante, era a vantagem de treinar nas Lampas que vinha ao de cima. Mas os Tandur não podiam deixar um amigo ir sozinho, gentilmente, fizemos uma guarda Tanduriana ao amigo Fernando até à meta para todos juntos lado a lado terminarmos a Magnifica São Silvestre de Lisboa 2010.

O Photo Finish!


Para engrandecer ainda mais a noite, depois de terminarmos todos juntos, sou surpreendido por uma simpática senhora, que de microfone na mão queria fazer uma entrevista a alguém da nossa equipa, pela excelente demonstração de amizade e companheirismo que tínhamos tido ao cortar a meta. Era mais uma oportunidade de elevar bem alto o nome TANDUR.
Terminada a prova e a nossa festa, era tempo de regressar ao aconchego da família, novamente de modo diferente, não de carro, mas de Metro e Fertagus que estava muito frio para ir de cacilheiro.



Depois de correr a São Silvestre de Lisboa, pela primeira vez, fiquei com a pequena, grande impressão, que para o ano voltarei. Voltarei com enorme prazer, para uma prova que me marcou pelas enormes excepções à regra em relação às corridas que por cá se fazem.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Saudades do Alcatrão!

Depois de falhar a Maratona de Lisboa, devido a um enorme reboliço de incidências, a motivação começa a perder terreno para a preguiça. Duas semanas, sem calçar os ténis para correr, com 1h30 apenas de fitness training, o treino de hoje iria parecer longo, muito longo. ~

8H da matina, dois Tandur´s (eu e o Vítor Veloso), sincronizávamos os garrmin´s para um treino calmo de 2horas para matar a preguiça e desenferrujar os ténis.

Saímos da Cruz de Pau com um tempo gélido a caminho da Fonte da Telha, passada tranquila com muita conversa à mistura e poucos carros a estorvar. Ambos precisávamos de um treino ligeiro, para superar as duas últimas semana carregadas de situações anómalas. Os amigos são assim, correm lado a lado para se ajudarem nos momentos menos bons e comemorarem os momentos importantes.
O frio da manhã teimava, mas os tandur´s rolavam na mesma sem ligar ao tempo ou ao espaço. Apenas o mundo da corrida nos absorvia, por entre palavras de aventuras corredoras passadas mas não esquecidas. Foi assim que rolámos até perto dos 8km´s para o primeiro abastecimento no parque desportivo da Verdizela. Dali até à fonte da Telha foi um ápice, apenas perturbado por alguns cães irritados ou surpresos por verem aquelas duas almas a calcar o alcatrão humedecido pela cacimba nocturna. Foi meia volta e volver, de regresso pelas mesmas estradas anteriormente percorridas. A conversa mudava agora do passado recente para um futuro próximo, agendado aqui e ali mais uma corrida, mais uma prova ou simplesmente mais um treino. Aos 16km´s mais um abastecimento, novamente na Verdizela.
De volta até à Cruz de Pau, agora num ritmo mais rápido e forte, ignorando as primeiras dores musculares, esquecendo os treinos perdidos e a afugentando de vez a preguiça em busca daquela motivação que só a corrida nos transmite.

Bom treino, 24km em 1h53m, sem stress, deixando apenas rolar o alcatrão por baixo dos pés, e com um bom amigo e dois dedos de conversa por companhia.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

7.ª Maratona do Porto


9Horas da manhã de Sábado e 2 autocarros a transbordar coragem, esperança, sonhos e aventura partiriam a caminho daquela que este ano se consagrou, indiscutivelmente, como a melhor maratona do País, a Maratona do Porto.

Depois da viagem sem problemas, o Palácio de Cristal e a feira da Maratona, acolhiam-nos. Levantamento dos Dorsais e aquela que julgo ter sido a única falha da organização, acontece. Um erro de listagens colocava dois companheiros e amigos temporariamente fora da corrida. Mas pior que isso só a primeira abordagem errada e grosseira por parte de um elemento ligado à organização, mais preocupado em fazer valer os créditos do que resolver o problema do atleta, afastava o amigo António Almeida da corrida, por decisão própria mas honrada. Chegados ao Hotel, e graças à excelente organização da incansável Ana Pereira, tínhamos ainda umas quantas horas para descansar antes do jantar. Para muitos a véspera da prova deve ser passada de pernas esticadas num qualquer sofá para não gastar energia, mas para mim nada melhor que um jantar na Invicta com um casal amigo para sobrecarregar as baterias de boa disposição e energia positiva. Foi um prazer jantar com a Joana e o Hugo e sentir que também eles acreditavam no meu sucesso nesta maratona, a eles o meu muito obrigado pela simpatia e amizade, e faço votos que o futuro lhes seja risonho, muito risonho.

6h30 da manhã de domingo e era hora do pequeno-almoço dos campeões. Que sorte tiveram os Quenianos e outras estrelas de tomar o pequeno-almoço lado a lado com os TANDUR, como os invejo! Depois deste valente repasto era tempo de equipar, mandar os beijinhos telefónicos à família e arrancar para o autocarro VIP que nos levaria à partida. Chegar cedo à partida dá tempo para tudo, beber um cafezito e ver os amigos e companheiros da blogosfera, o Luís Parro e a esposa, o Luís Mota e a família, Rui Pena, João Paixão, Carlos Melo, Vasco, Brito, o Joaquim Adelino o Fernando Andrade e tantos outros que partilham o gosto pela corrida.

Faltavam dez minutos apenas, quando ouvi ao telemóvel o meu filho Tiago desejar-me boa sorte. Moral em alta. Mais um toque e agora um MMS da Família numa foto sorridente. Fiquei a transbordar moral. Um abraço ao “primo” Vitor Veloso e vamos à nossa estreia na Maratona.
Os primeiros 10km´s voaram a serpentear pelas ruas do Porto até chegar à Foz, com a sua vista deslumbrante. Nesta altura eu e o Vitor alcançamos o VIP Fernando Andrade. Sabia que não estava preparado para ir com o Vitor até ao fim, ele está numa grande forma e eu com poucos km´s nas pernas para o acompanhar, decidi ficar com o Fernando Andrade, e em boa hora o fiz. Imaginem-se a correr a vossa primeira maratona, sabem que os treinos foram poucos, que não tem experiência a correr estas distâncias, e têm a sorte de ficar lado a lado com um atleta que leva quase 40 maratonas no currículo. É a pessoa certa para nos ensinar o B A BÁ da maratona e nos ajudar a concluir um sonho.

A presença do “Mestre” Fernando Andrade e a paisagem magnífica do Douro na sua chegada à foz, fizeram-me sentir um privilegiado aprendiz. É deslumbrante correr ali, absorvendo a
paisagem, vendo o rio correr com as suas águas cheias de vontade em chegar ao mar. Passar a ponte D. Luís e disfrutar de cada passada, naquela calçada cheia de histórias de outros tempos.
Ao chegar à Afurada a comitiva de apoio aos Tandur, reforçada pelo António Almeida, ali estava para nos saudar. Eu e o Fernando Andrade esboçamos o sorriso e lá ficamos na foto da Isabel Almeida. O clã Veloso também teve direito ao adeus e até já, pois ainda tínhamos de voltar. Passámos a meia maratona com 1h38m, demasiado rápido. O Fernando bem disse nesta altura, “veremos senão vamos pagar a ousadia mais lá para o fim”, pois o objectivo era passar em 1h45m.Já depois do primeiro retorno e de volta ao Porto, voltamos a ser apanhados pela objectiva da Isabel no meio de mais uns rápidos acenos e palavras de força.

Segunda passagem na ponte D. Luís e viramos para o freixo onde estava o último retorno perto dos 29km´s. A paisagem continuava lá, magnífica e deslumbrante. Nesta altura cruzava o Vitor do outro lado, rápido e fresco como uma alface. 30km´s e abastecimento, faltavam doze para o sonho. Em sentido contrário vinha o Adelino que saudámos efusivamente. Depois dos 32 km´s, sentia-me bem e após uma breve troca de palavras com o Fernando, aconselha-me a ir com uma senhora carregada de maratonas de nome Margarida Pinto. Corria agora embalado na letra da canção de Rui Veloso, da ribeira até à foz. Só que como não sabia o resto da letra também não consegui antever o terrível vento forte e frontal a partir dos 37km´s que literalmente parecia uma parede, lembrei-me nesta altura daquelas muitas histórias que se contam sobre a parede dos 30km´s. No Porto a parede não é aos 30 mas sim aos 37. Já perto dos 39kms e depois de já não conseguir acompanhar o ritmo da Margarida, que em muito me incentivou para que continuasse, uma primeira cãibra. Respirei fundo e pensei, “caramba só faltam 3 km´s, aguenta-te”. Ainda não tinha acabado o raciocínio e uma segunda cãibra obriga-me a coxear, pensei rápido, “não pares continua”, mordi o lábio e continuei, mais 100 metros. À terceira cãibra foi de vez, parei. Tentei alongar mas não conseguia, sentei-me. Estiquei as pernas e rapidamente um elemento da organização me perguntou se estava bem, respondi-lhe que estava melhor se tivesse trazido dinheiro para o táxi, mas enfim.

Fechei os olhos e pensei no que já tinha feito, na minha mulher e nos meus dois filhos, ansiava nesta altura por uma cara conhecida. Olhei um pouco para trás e vinha lá o Fernando Andrade, respirei fundo e levantei-me lentamente, erguendo a carcaça cheia de mossas mas com a convicção que podia ir com ele. Surpreso por me ver ali, logo me dirigiu as palavras que me levariam à meta: “Filipe, agora nem seja de gatas, mas isto é para acabar”. Corri novamente ao lado do Fernando mais 500 metros, mas não dava. E voltei a parar. A família não me saía do pensamento, as palavras do Fernando ecoavam-me na cabeça. Bebi um pouco de água, sem saber como ou porquê levantei-me e corri. Vejo a placa dos 40km´s e mais uma cãibra, “aguenta-te”. Vejo o João Paixão e saúdo-o muito vagamente. Mais 200 metros e outra cãibra, “aguenta-te à bronca”. Começava a subida até à meta e todo torcido lá segui. 41km´s, montes de gente na berma da estrada saudava e incentivava aqueles loucos desconhecidos gritando os nomes que liam nos dorsais. A 400 metros da meta nova cãibra, desta feita mais violenta. Parei, sentei-me e num gesto rápido e sincronizado alonguei os músculos com toda a força, sorri. Um desconhecido aborda-me e lendo o meu nome no dorsal diz-me que a meta é já a li, levantei a cabeça e vejo a medalha que trazia ao pescoço por ter terminado a prova. Olhei para ele e respondi-lhe que se davam uma chapa daquelas no fim tinha me despachar para que não acabassem. Levantei-me novamente e corri até ao fim, sem cãibras, mas com um sorriso nos lábios para ficar bem no photo finish.

3h40m33s, SOU MARATONISTA. Recebo a medalha, o saco e o telemóvel toca, pensei, é a minha mulher. Errado! Era o Vitor Veloso, com uma grande energia a dizer para correr que o autocarro para o hotel ia partir.” És louco companheiro correr agora, nem ao pau com os ursos”. Mas lá fomos a festejar como duas crianças em direcção ao autocarro por termos concluído uma maratona. O autocarro começa a andar e diz novamente o Vitor, “saltamos a grade porque senão não o apanhamos”. Saltar!? A grade!? Os maratonistas não saltam e eu vou à volta que não aguento as pernas.

Resumindo, agradeço a todos aqueles que acreditaram no meu sonho e me ajudaram a alcança-lo, aos Tandur Vitor Veloso e António Almeida e respectivas famílias, ao acidental padrinho da minha primeira maratona Fernando Andrade, ao amigo Joaquim Adelino e claro à mulher da minha vida e os meus maravilhosos filhos que sofreram pela minha ausência na busca de um sonho.

domingo, 31 de outubro de 2010

Grande Prémio do CR da Cruz de Pau

Uma semana depois dos 20km´s de Almeirim, e da decisão de última hora de não participar na corrida do Tejo, O Grande Prémio do CR Cruz de Pau passava a ganhar contornos de extrema importância tendo em vista o analisar da minha condição física para a Maratona do Porto.

Apesar de em Almeirim ter ficado aquém das minhas expectativas e de literalmente me ter arrastado os últimos 6km atrás do Vitor Veloso, o tempo de 1h29m22s acabou por ser aceitável. Com a má prova e o regresso das dores no pé direito, no final do dia, tomava em família a decisão de não participar no que seria a minha 1.ª Corrida do Tejo. Uma semana após todas estas peripécias, o GP do CRCP tornava-se uma prova obrigatória para último teste antes do sonho de correr uma Maratona.

Depois de uma noite ventosa e chuvosa, o dia amanheceu com um sol tímido, mas por vezes matreiro fintando as vastas nuvens que cobriam o céu. Às 9h uma beijo à mulher da minha vida, dois aos filhotes e uma festa à cadela marcavam a saída de casa para uma prova ao princípio da rua. Prova esta especial, por ser organizada por um Clube que nutro grande simpatia e por ser o regresso a uma casa onde já fui muito feliz. Foi no CRCP que me tornei treinador e fora os muitos títulos que ali ganhei em pouco mais de 3 épocas, ajudei a criar uma geração de Hoquistas de Elite, várias vezes internacionais e campeões nacionais, sendo curiosamente o expoente máximo dessa geração a minha irmã Cláudia Fidalgo, várias vezes eleita a melhor jogadora Nacional e actual capitã da nossa selecção Nacional. Depois da nostalgia que venha a prova.

Prova de supostos 13000 metros, pois o garmin no fim marcava 14.260 metros, com algumas lacunas na organização que serão certamente corrigidas em futuras edições. Antes da partida deu para saudar “velhos” e “novos” amigos, entre os quais a Ana Pereira (um prazer conhece-la finalmente), o Fábio Ramos e tantos outros a quem deixo um grande abraço. Depois de um rápido aquecimento, a partida cheia de peripécias. Tudo pronto para a corrida, a multidão impaciente mas o tiro tardava, a moto da PSP que iria bater o caminho, não arrancava, a chuva começava a cair mais forte e logo de seguida a buzina que marcaria a largada estava rouca de tanto frio, hilariante.

Logo cedo encontro o Nascimento que fez questão de vir correr à “minha terra”. Trocamos breves palavras e lá fomos num ritmo forte. Aos 3km decidi baixar um pouco o ritmo, passando a rolar conjuntamente com um grupo de 3 atletas em 4m10s a caminho da Verdizela onde estaria o ambicionado retorno. Os primeiros km´s “voaram” sem conversas, sem gestos ou palavras, apenas o som ritmado daquele mar de gente que enchia a estrada, abstraída do mundo, absorvendo apenas a corrida numa manhã de Domingo. Já perto do retorno sou “abalroado” por um grito que trás o meu nome, não descodifico o ciclista obscuro que na faixa contrária gritara, contínuo. Recebo a fita, faço o retorno e recolho a água no abastecimento. 500 metros à frente, o ciclista continuava lá, parado, aguardando a minha passagem. Lado a lado com o ciclista obscuro, que agora reconheço facilmente, José Baptista, um grande amigo, companheiro e mentor na minha aventura como treinador de hóquei em Campo, percorremos alguns km´s em amena cavaqueira, trocando conversas vãs, para colocar em dia as palavras que os anos atrasaram. Só faltou parar para lhe dar um grande abraço.

Estava na hora do último esforço, o garmin apitava 12km´s, mas como conhecedor daquelas estradas, percebi facilmente que era um pouco mais, mesmo assim acelerei. Ao entrar no último km, um furo, ou melhor um ténis desapertado, que em nada mudou a estratégia de forçar o andamento. Cheguei à meta com 54m41s, 33.º no escalão. Depois disto foi abraçar os meus pais e correr novamente, desta vez para casa porque as saudades dos pequenos já apertavam.

Falta agora uma semana para o sonho de correr uma maratona.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

13ºMeia Maratona Ribeirinha da Moita

Depois desta edição, a Meia Maratona Ribeirinha da Moita será sempre uma corrida para marcar presença.

Os 3 Tandur, marcaram presença em mais uma prova, desta feita na 13ºEdição da Meia Maratona Ribeirinha da Moita. Chegamos á Moita e já a procissão ia no adro, pois com tantos atletas por ali em aquecimento, mais parecia que a prova tinha começado. Recolhemos os dorsais, um aquecimento rápido, mas com tempo para saudar o grande vencedor do I Trail Terras do Grande Lago, Luis Mota e a sua família, e claro posar lado a lado para a foto com o Campeão. O que pareciam ser breves momentos antes da prova, tornaram-se numa odisseia de encontros e saudações de amigos e familiares. Por entre cumprimentos ao Joaquim Adelino, é sempre um prazer ver este grande amigo, à malta do CRCP, entre outros, chegava a altura de ter uma grande surpresa os meus pais e meu tio António Fidalgo, marcavam presença. Foi por entre fotos e calorosos abraços que suou o Tiro de Partida. Eu e o Vitor, como já vem sendo regra, ouvimos o tiro e abalamos numa correria desenfreada a serpentear por entre outros corredores, galgando metros atrás de metros para fugir da confusão inicial. Já o António no seu ritmo Maratonista, partindo sempre tranquilo vai-se rindo da loucura destes dois tandur´s . Cedo encontrámos o ritmo pretendido, com o Vitor e o seu garmin em constante sincronismo para que tudo corresse pelo melhor. As nossas corridas são um misto de palavras curtas e frases rápidas interpoladas por briefing´s constantes do Vitor informando o ritmo. O Pelotão alongado já não deixava ver o principio e o fim de toda aquela rebelião que corria incansavelmente em busca da meta. A passagem de todos os km´s era assinalada sempre por placas bem visíveis e por uma sinfonia garminiana, de apitos saídos do pulso de cada um que palmilhava aquela estrada. Até ao primeiro abastecimento, só dei conta de uma pequena subida, pois foi tudo tão rápido, certo, compassado e organizado que os km´s voaram sem que me apercebesse.
Pouco após este abastecimento os sentidos da corrida faziam-se lado a lado, dando para saudar o António Almeida e depois o Joaquim Adelino, que vinham nesta altura um pouco mais para trás. Aos 10km, após algumas pequenas trocas de palavras com o Vitor, decidi meter mais lenha na fornalha já quente pelos primeiros km´s e acelarei descolando do “primo” Tandur e alcançando o Augusto Cruz que conhecera na Meia das Lampas. O Augusto é um corredor de outros andamentos, que a sua aposta na participação da Meia Maratona de Nova Iorque deste ano seja um verdadeiro sucesso. Aproveitei a experiência e o andamento do Augusto para com ele percorrer lado a lado os 8km´s seguintes.
Na passagem pela Moita aos 12km´s

Passámos na zona da chegada, com um bom ritmo, mas dando sempre tempo para saudar a Carolina e a Isabel Almeida, os meus pais e o meu tio com um pequeno aceno e um até já. Foi realmente um ganho enorme ter percorrido estes poucos mas longos km´s com o Augusto numa amena partilha de experiências, conselhos e mais tarde incentivos quando o vi abalar estrada fora, sem ter pernas para o acompanhar.
O pior abateu-se sobre mim já perto do km 18, já sem forças para acompanhar o andamento imposto pelo Augusto, fiquei resignado e literalmente pregado a olhar para a longa subida que se avizinhava. Subi em dificuldades, mas com a ideia que ainda tinha uma réstia de forças dentro mim para o último km. Perto da descida para a meta, ouço o amigo Fábio Ramos do CRCP saudar-me velozmente enquanto passava em passo acelerado. Demorei um pouco a reagir. Lentamente o corpo moído e dilacerado pelos velozes km´s percorridos, cedeu. O espirito ganhava a batalha pelo último km, tal como Siddartha Gautama um dia suprimiu o ser á vontade da mente. Como que acordei bofeteado pelo vento, sacudido pelo asfalto e empurrado pela vontade de chegar.

À chegada a confirmar o tempo.

Cheguei com 1h33m06s, 2 minutos menos que o meu anterior melhor tempo na distância. Respirei fundo e interiorizei o momento. Era tempo de saúdar o Fábio Ramos e o João Lourenço do CRCP, e agradecer ao Augusto Cruz a ajuda nesta prova. Abracei os meus Pais e o meu tio, e recebi a magnifica chamada da minha Maravilhosa Esposa e Filhos a comemorar comigo esta vitória pessoal e a conquista de um novo PR na distância.

Como diria o meu filhote, Vitória, Vitória acabou-se a história..….em Almeirim há mais.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Da Chegada à Partida!

Domingo foi dia de baptismo. Marcaram presença perto de 17 mil na festa, mas os Tandur é que apadrinharam um companheiro na sua primeira meia-maratona. Parabéns ao Alberto Coutinho pela estreia na distância e com uma marca de se lhe tirar o chapéu, 1H42m53s bem “chipados” nos ténis.

Alberto Coutinho e Eu ainda a frio

Eu e o Coutinho, chegámos cedo ao Parque das Nações com o objectivo de evitar a confusão e de o ajudar a preparar ao máximo a partida para a sua primeira meia-maratona. Às 9:10 já estávamos em cima do tabuleiro da ponte Vasco da Gama, a disfrutar de uma vista maravilhosa sobre o Tejo, sobre Lisboa e a Margem Sul. Como brinde tinhamos o vento bastante fresco que obrigava a um constante movimento para não congelar. Aos poucos os amarelos da Carris, tal como formigas no carreiro, iam chegando com atletas à zona de partida, empolgando o espírito festivo que já se fazia sentir nesta altura.
À espera do Tiro de Partida

Cedo encontrámos o meu grande amigo Mário Lima, dono de um espírito de fazer inveja, e de uma contagiante boa disposição. Corrida sem a presença do Mário Lima não é corrida. Começavam a chegar os companheiros da Blogosfera, o Carlos Coelho, a Ana Paula (foi um prazer conhecê-la pessoalmente), o Hamilton, o Fábio, e finalmente os “originais” TANDUR, Vitor Veloso e António Almeida. O sol já alto, o calor humano das amizades corredoras e a adrenalina de mais uma prova, aqueciam o ambiente outrora gélido. 10H30m e o tiro de partida era dado. Suponho eu, porque sinceramente não o ouvi, só vi a malta a correr. Esbocei um pequeno sorriso ao lembrar-me de uma corrida recente em que o Mário e o Vitor tinham passado pelo mesmo, tiro nem vê-lo ou ouvi-lo. Começava a Prova, eu e o Vitor tal como despertos pelo arranque, serpenteávamos pelo meio daquela confusão inicial de atletas que se aos 100metros já não correm como querem fazer 21k?! Primeiro km e avançámos rápido, saudámos o Fábio e a Analice, durante as velozes ultrapassagens. Ao terceiro quilometro, surpresa, primeiro abastecimento, eu e o Vitor olhámos desconfiados, mas não recusámos a oferta. Ao Km 5 continuávamos a rolar perto dos 4min, e o Vitor com mais bom senso que eu, abrandou o passo ficando um pouco sozinho. Sabia que para atingir o tempo que ambicionava tinha de continuar forte, e sendo assim lá fui, numa passada rápida palmilhando o alcatrão e sedento de km´s depois de uma semana sem treinos. Ao km 7 uma outra cara conhecida, o João Lourenço do CRCP. Umas semanas antes tinhamos feito lado a lado a maior parte da corrida do Avante. Trocamos umas breves saudações e sem grandes conversas lá fomos andando numa passada ritmada pelo impacto quase silencioso dos ténis na estrada. Correr estas provas junto ao Tejo, têm sempre um sabor especial para mim, pois cresci a ver o rio e é através dele que escrevo e guardo as minhas melhores corridas. Pouco depois de Santa Apolónia, o ambicionado retorno. Aquele ponto que nos transfere a mente para a chegada e o cavalgante coração nos catapulta o corpo até ao ambicionado cortar de mais uma meta. Era tempo de rever aqueles que tinham ficado um pouco para trás, olhá-los nos olhos e gritar-lhes pela força que os empurra para os restantes km´s. Pouco tempo após o retorno cruzava-me com o Vitor. Ia numa passada forte e com a ambição guerreira que o caracteriza espelhada no rosto. Gritámos Tandur bem alto para animar e lá fomos seguindo o destino. De seguida o estreante Coutinho, com um enorme sorriso e com uma enorme frescura para quem estava na primeira meia maratona. Um pouco mais atrás vinha o amigão Mário Lima, que ao gritar o meu nome bem alto me fez trocar a respiração certinha e controlada, por uma enorme gargalhada e um efusivo aceno. Eu e o João continuávamos lado a lado a derrubar km atrás de km, enquanto o pelotão em sentido contrário ia ficando reduzido. Subitamente, lembrei-me que não tinha visto o António Almeida, o maior deles todos e não o vira, num misto de preocupação e ânsia de chegar, obriguei-me a pensar que só tinha uma hipótese, simplesmente não o tinha visto, pois sei bem que um Tandur não desiste. Entre pensamentos e algumas trocas de breves palavras com o João Lourenço, estávamos a entrar no último Km e pelo relógio oficial a 1h e 35m estava a dois minutos de distância, quando me lembrei que o que contava era o Chip, gritei bem alto: Ainda dá! E desatei a correr como o Diabo foge da cruz, o João riu-se e seguiu-me as pisadas. Chegámos finalmente à palavra META com 1h36m33s. Apesar da boa prova que tinha feito senti que tinha falhado o meu objectivo por pouco, sentimento que ainda se tornaria ainda mais cruel com o chip a marcar 1h35m06s.
Os Tandur e o Estreante
(António Almeida, Filipe Fidalgo, Alberto Coutinho e Vitor Veloso)
Foi bom de ver chegar os amigos e no fim com eles festejar os objectivos conquistados num clima de euforia, onde por surpresa um homem do Norte, o triatleta Rui Pena, marcaria presença para com ele trocarmos um grande abraço.
Depois desta animada chegada, ficaria para mim marcada uma partida. A avó da minha esposa partiu hoje para uma nova corrida, esta sem retorno, mas certamente para um lugar que será sempre seu nos nossos corações.
Que os Anjos corram a seu lado Laurinda de Jesus, até sempre.

domingo, 12 de setembro de 2010

Um fim-de-Semana de Estreias!

Quando conhecemos o nosso trilho, ou temos a certeza de qual o caminho que pretendemos percorrer, basta calçar os ténis e dar um nó na força de vontade. Creio que é esta a conclusão que se pode tirar da MEIA de São João das Lampas, na minha opinião a rainha das Meias Maratonas, pela sua dureza mas também pelos seus anos de existência.



É tudo a estrear! É o que posso apregoar deste fim-de-semana de estreias desportivas. Primeira vez da Meia das Lampas e primeira prova pela equipa TANDUR serviram de mote para mais uma meia maratona, no meu caso a 3º deste ano, depois da Meia da Ponte e da Meia da Areia. Antes de falar da prova, gostaria de agradecer ao Vitor Veloso e ao António Almeida não só o convite para incorporar a equipa TANDUR mas também por me fazerem sentir parte da sua maravilhosa família, ou melhor dizendo do seu “Staff Desportivo”, a todos eles o meu mais sincero agradecimento.
16H e “aterrávamos” nas Lampas, para recolher dorsais, saudar os “velhos” amigos, e cumprimentar “novos” companheiros. A minha primeira imagem ao chegar às Lampas, foi a de um verdadeiro arraial desportivo, com inúmeros atletas já no aquecimento, outros em amena cavaqueira, isto tudo com música e animação no espaço envolvente à partida. Espectáculo! Estes largos minutos antes da partida, é que fazem a família da blogosfera Corredora ser diferente, são momentos de uma simplicidade e simpatia envolvente que nos absorve e assoberba a alma. Foi óptimo reencontrar o Joaquim Adelino e o Mário Lima, que ao saberem da minha estreia na prova se desdobraram em dicas, ajudas e conselhos para que a estreia corresse da melhor forma. Foi um prazer conhecer pessoalmente a Susana Adelino, oito dias depois de ter conhecido o seu marido Daniel, a eles votos de muitas felicidades para a corrida de nove meses que agora percorrem. Feitos os cumprimentos e abraços, eis que a “treinadora” Isabel Almeida, anuncia a hora do aquecimento, estava na hora de preparar o início da corrida, parecia-mos estrelas, no meio de tantas fotos, tiradas pelas fotógrafas de renome Ruth Veloso e Isabel Almeida (“ex-treinadora”). As magníficas cheerleaders Vitória e Carolina apoiavam os papás afincadamente. Nem imaginam como são fantásticos estes momentos antes da partida. Tudo a postos e o nosso amigo e director da prova Fernando Andrade, dava o tiro para as famosas Rampas.



Eu e o Vitor logo cedo encontramos o nosso ritmo, e fomos deixando o António Almeida, com muita pena nossa, um pouco para trás. 1km em 4mins e estava concluída a volta de cortesia, a seguir era sair de São João das Lampas. Uma descida muito inclinada de aproximadamente 1km, era o aviso para o que iriamos encontrar durante a prova, um autêntico carrossel, de sobe e desce constante, com subidas longas e íngremes, muito íngremes, obrigando a alterações de ritmo constante. Até aos 5 km´s fomos andando e rebocando alguns atletas que teimosamente se mantinham atrás de nós, aproveitando o ritmo imposto e a barreira que íamos fazendo ao vento que soprava de frente com alguma intensidade. Depois do primeiro abastecimento a mais difícil das subidas obrigava a abrandar o ritmo para 5m35s\Km, mas esta dificuldade mostrou-nos que estávamos bem e no ritmo certo. Nas várias aldeias que passávamos a população saudava vivamente a corrida, brindando com alguns chuveiros à beira da estrada os atletas que prontamente agradeciam a generosidade.



Chegávamos aos 10km e nesta altura o Vitor parecia estar a passar um momento menos bom, mas o homem tem força que nunca mais acaba e depois da Bomba (leia-se Gel), estávamos de volta à luta, e aos reboques, pois já trazíamos mais 2 penduras. Perto dos treze, a passagem pela zona da chegada, trouxe a motivação e força necessárias, para uma grande parte final. No abastecimento dos 15 Km, traçamos a última estratégia, depois da última subida forçamos o ritmo, e assim foi. Aos 17 Km a última dificuldade deixava muitos atletas que circulavam à nossa frente, literalmente parados ou a andar, que curiosamente quando nos viam passar os dois num ritmo certinho e lado a lado, depressa se “colavam” à boleia. No fim da subida já iam alguns 6 lá atrás, todos contentes da vida. Aproveitando o ritmo forte que um atleta vindo de trás trazia, descolámos do grupo e nunca mais nos viram, pois até ao fim o ritmo foi forte, muito forte, baixando para uma média, por vezes abaixo dos 4m00s\Km. A chegada estava à vista e aquela recta da meta, magistral, com a foto de chegada a marcar 1h43m23s.


Em resumo a equipa TANDUR fez uma boa prova com o 24ºlugar por equipas em 37 contabilizadas. A Prova é Espectacular, a Organização do melhor que já vi. Ao amigo Fernando Andrade um grande abraço e muitos Parabéns pela Excelência da prova, que para o ano certamente será local de presença obrigatória. Uma nota de registo apenas aos apoios institucionais que na minha humilde opinião só ficam a perder ao não patrocinar esta magnífica prova feita por atletas para atletas, pois isso creio que diz tudo e faz toda a diferença.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Um Grande Fim de Semana e a Corrida da Festa.

Que grande fim-de-semana este, no sábado cheguei á meta da maternidade com a minha esposa Cátia e o meu filhote Tiago para recebermos a pequena Matilde, e menos de 24horas depois já tinha os ténis calçados para mais uma prova ao lado dos amigos da blogosfera Corredora.
Domingo de manhã, ainda meio combalido das emoções da véspera, decidi correr ao fundo da rua, mais precisamente na corrida do Avante. O “flyer” anunciava que os dorsais estavam disponíveis a partir das 8horas, por isso às 7:50 saí de casa para o aquecimento matinal. O processo do costume, consultar os editais, recolher o dorsal e eis que a surge a primeira agradável surpresa, o amigo Mário Lima ali a dois passos, à conversa com uma das pessoas da blogosfera que mais ambicionava conhecer, Joaquim Adelino, esse mesmo, o pára que diz que não pára. Uma honra conhecer este homem, com uma vontade enorme de correr por esse mundo fora. Palavra puxa palavra, e começa o desfile de vedetas, tornando difícil conseguir chegar à conversa com todos, o Daniel, o Carlos, o Tiago Silva, o Carlos Lopes, uffff…, dois segundos para recupera o fôlego, o Nascimento, o Luis Parro, e tantos outros que se torna difícil de mencionar. Até Auchanianos havia à solta no Avante, um grande abraço ao meu amigo Mário Falagueira, um desportista em férias, que teve a “coragem” mais a sua namorada, de calçarem os ténis e correr lado a lado com os malucos das corridas.

Eu e o meu amigo Mário Falagueira

Ops….Tiro de partida e lá vamos nós para 10,5km´s maioritariamente à beira-rio, um local magnifico para correr. 600metros, e eis que surge o primeiro e talvez único erro da prova, uma rua estreita com carros parados de um lado e de outro não deixa muita margem de manobra, mas o pelotão alongou-se um bocadinho e a malta lá passou andando ou correndo. Depois foi contemplar o rio, deixar correr os km´s. Ao segundo km o garmin apita e diz-me que último Km foi feito em 3m53s, pensei duas vezes, e decidi abrandar um pouco. Sim, porque a treinar pouco com poucas horas de sono e a fazer estes tempos ao Km, não via a paisagem e chegava ao fim todo roto. Estabilizei aos 4m25s, para acabar confortável sem partir a corda, deixei ir o Nascimento que ia num grande pedalada, e fiquei com o João do CRCP(um grande clube que já representei noutras andanças fora da corrida) . Entramos no Seixal, em bom ritmo, vendo o resto do pelotão a encher a marginal, dando uma foto maravilhosa do que deve ser o desporto popular. Eis que surge o retorno, e o abastecimento logo a seguir, para ajudar a hidratar que o calor já apertava, dificultando, a tarefa que até ali tinha sido fácil. Após o abastecimento, nem deu tempo de mirar o rio, e deixarmo-nos absorver pela magnifica paisagem que a zona ribeirinha do Seixal oferece, o pelotão começava a cruzar-se, e era tempo de saudar os amigos que vislumbrávamos ainda em sentido contrário. Saudei o Jorge Branco, o Hamilton, o Falagueira e quando dei conta já estava a passar a ponte da fraternidade para entrar na Amora, resumindo, nem vi o Rio.
A placa marcava 8Km´s e estava na altura de acelerar um pouco até ao fim, pois conheço bem aquela zona e sabia que pouco depois dos 9km´s havia uma subida matreira que ia maltratar muita gente. Deixava nesta altura o João para trás e só na pequena subida, sorri para duas fotos e ultrapassei 3 atletas, a partir daqui era descer um pouco e embalar para a meta. Na descida vi os campos do Amora e recordei tempos de outrora, ainda miúdo a correr atrás da bola, com tantos outros rapazes que sonhavam ser jogadores da bola, bons tempos esses de azulvestido e Amora ao peito. Mas como vos disse a descida era curta e logo arranjei um objectivo para a recta final, apanhar a atleta da garmin que ia 200 metros á minha frente, apertei mais um pouco e deixei-me embalar suavemente para nos últimos 500metros ultrapassar mais 5 atletas ( incluindo a Garmin) e terminar com um último km em 4:00. Prova concluída, em 44min e qualquer coisa segundos, pois quando me lembrei de olhar para o relógio já ia a meio do percurso para recolher a bela da T-shirt e o diploma que comprova ter lá estado. Já com os brindes e meia dúzia de flyers na mão, era tempo de esperar e procurar os bons amigos da blogosfera em especial o Vitor Veloso e a sua magnifica familia para agradecer todo o carinho demonstrado horas antes aquando do nascimento da minha filha. Mas tal como disse no principio ainda faltava mais uma surpresa, que era conhecer pessoalmente o Fábio e o Hamilton, duas pessoas que ambicionava conhecer pelo seu blog que é sempre um ponto de passagem nas viagens da blogosfera.

A equipa da Blogosfera

Tirada a foto para imortalizar o momento e toca a correr de volta ao Hospital para voltar a ter a minha princesa nos braços, pelo caminho tive ainda tempo presenciar um dos mais magníficos episódios de desportivismo na minha vida desportiva. O nosso amigo Jorge Branco que eu tinha visto terminar a prova momentos antes, tinha voltado atrás com a t-shirt e o diploma de baixo do braço para fazer os últimos metros, lado a lado, com um companheiro de corrida de longa data que passava por maiores dificuldades, a Ele deixo um grande abraço por este gesto que irei certamente recordar ao longo dos anos.
À e quase me esquecia, depois de tanta corrida ainda tive de correr mais um pouco para não falhar o primeiro banhinho da minha filhota, mas é assim, as corridas valem sempre a pena.

Um abraço e até às Lampas.

Ultima Hora - Tempo Oficial – 44m37s (diz o site).

sábado, 4 de setembro de 2010

A melhor prova de sempre.....

Hoje, falo daquela que considero ser a melhor prova de sempre. Não é uma prova qualquer, é uma daquelas que se corre sem ténis, sem equipamento. Não é apenas e só corrida de estrada, muito menos de pista, tem montanhas, trilhos e uma data de caminhos. Posso dizer que é uma aventura sem trajectos definidos, sem mapas, gps ou postos de controlo. Mas digo-vos vale mesmo a pena fazer este prova, e passar o resto da vida com ela no pensamento.

Fui hoje pai pela segunda vez, agora de uma menina de nome Matilde. Conto com ela e com o seu irmão Tiago, para me ajudarem a percorrer todas as provas da minha vida, mas também para me servirem de guia na prova diária de ser PAI.
Percorri lado a lado com a mulher que Amo, mais 9 meses recheados de aventura, mas chegamos á meta e de mãos dadas com o nosso filhote Tiago, recebemos a nossa Matilde.
Não dedico provas aos meus filhos nem á minha mulher, pois desde o primeiro dia que sabem, que sem eles não seria quem sou e sem eles nunca teria conseguido percorrer os caminhos até onde agora estou.
Bem vinda Matilde e que pela tua vida sejas apenas e só tu mesma, pois assim terei sempre a certeza que os meus dois filhos fazem de mim o pai mais orgulhoso na corrida da paternidade.

A melhor e maior prova de todas é sem dúvida nenhuma o ser PAi.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Não parei, mas abrandei....

Sempre ouvi dizer, mês de agosto é mês de férias, e para não fugir à regra foi isso que fiz.
Não parei, mas abrandei.

Mês de Agosto sem provas, com alguns treinos, sem muita exigência, para apenas rolar. Aproveitei os fins-de-semana para descontrair com a família, os treinos foram ficando para durante a semana, ao cair da noite. Deixei de ser um corredor madrugador e passei a ser um corredor nocturno, e por momentos, esqueci o corredor de domingo que há em mim. Esqueci o corredor mas não esqueci a corrida. Não corri, mas fui correndo, sempre com a família a meu lado, passo a passo. Passos pequenos mas certos, firmes e ambiciosos em busca de mais uma meta. Olho sempre para o lado e vejo-os sempre lá, incentivando e empurrando o meu corpo e a minha alma km a km, metro a metro, passo a passo. Só assim corro, abraçando todo o apoio que me dão em todos os km´s da minha vida.
Começa hoje, a longa caminhada até à linha de chegada de uma maratona seja no Porto ou em Lisboa, mas uma coisa é certa , tenho de cortar aquela meta.

O mês de Setembro avizinha-se difícil, mas certamente será muito emotivo e inesquecível.

Primeira Prova – Corrida da Festa do Avante dia 5 de Setembro, uma corrida à porta de casa, pelas estradas da Amora que bem conheço.

domingo, 25 de julho de 2010

Na companhia do Coutinho....

Oito dias depois da grande jornada à beira mar, voltei à estrada. Sábado de manhã, 9h à porta do SAP – Amora, local original para um treino diferente do habitual. Os meus treinos na baía do Seixal, são normalmente, treinos calmos à beira rio, num local que se tornou na minha zona de eleição para um treino de estrada. Esta zona torna-se local de romaria para aqueles que gostam de desporto no fim de semana, podendo sempre usufruir de zonas destinadas apenas aos transeuntes e corredores de domingo, com bebedouros espalhados ao longo do percurso e inclusive, marcações indicativas do percurso e respectivos km´s isto tudo para uma distância máxima de 15 km´s (ir e voltar, claro!). Um bom local perto de casa.

Mas esta semana, não passava apenas por “sentir” o rio. Tudo combinado e sábado às 9h da manhã era altura de dar a conhecer o espaço ao meu amigo Miguel Coutinho. O Miguel é um companheiro ainda novo nestas andanças, com apenas uma prova feita este ano (2ºcorrida das novas oportunidades), elevou a fasquia e treina agora para a sua primeira Meia, no dia 26 de Setembro na Meia Maratona de Portugal. Saímos num passo tranquilo um pouco acima dos 5min/km, colocando a conversa em dia e deixando rolar, rapidamente chegámos ao Seixal.

Passámos o Seixal através das suas ruas estreitas em direcção ao terminal Fluvial, de onde se vislumbra uma paisagem magnífica. Barreiro, Lisboa e Seixal, amarrados pelo Tejo, de braço dado com o rio, e ao mesmo tempo longe, distantes, separados pelo mesmo espelho de água que os banha e une todos os dias. Subimos ao centro de estágio, lentamente por a subida ser difícil mas também para “provocar” o Coutinho Azul e Branco, que é claro não levou a mal, e imaginou-se a correr no Olival. Terminada a ida estava na altura da volta, agora com mais calor, sentimos o sol sereno sobre o rio e os braços, fazendo daquele treino uma quase ida ao solário. O ritmo aumentou um pouco, o Coutinho está em forma, leva muito a sério o seu objectivo. Eu pelo contrário, os 30km´s da semana passada na área a beira-mar tinham deixado algumas mazelas, e com mais uma semana a pagar parquímetro dos ténis, sentia-me lento, pesado e talvez um pouco em baixo. Fizemos nessa altura vários km´s abaixo dos 4:30m\km, tornando rápido o regresso de volta ao SAP, ao local de partida. Um até logo ao Coutinho, e toca a subir em direcção a casa, para um reconfortante banho fresco, que o dia já ia quente.

Fiz 15 km´s em 1h10m, perto de 13 com o meu amigo Coutinho, que a continuar assim, com a seriedade com que abraça os seus desafios, fará certamente uma excelente prova na Meia Maratona de Portugal.

domingo, 18 de julho de 2010

Da Caparica à Lagoa de Albufeira....e voltar!

Manhã de sábado, e eis que os raidistas se fazem às areias da Costa. A praia quase deserta, fazia jus à hora em que os aventureiros se preparavam para um treino longo, muito longo, no vasto areal da Costa Azul. Partimos 7 com vontade de chegar longe, passo a passo: eu, o Vitor Veloso, o Luís Parro, o Mário Lima, o Rogério e outros dois companheiros que não consegui fixar o nome. Ritmo lento para aquecer, e a conversa ainda vasta sempre em torno da UMA, da Almonda e de todas as provas de trilhos e aventuras mais recentes.
(fotos gentilmente cedidas pelo Vitor Veloso)

 O grupo mantinha-se unido numa passada calma, fintando aqui e ali as investidas da água que tentava teimosamente molhar-nos os pés. Deixávamos para trás o último pontão, o último porto seguro, passamos a Mata, a Rainha e num pulo estávamos na Fonte da Telha. 8 Km’s feitos, num areal até ali fácil e com poucos banhistas. Aos 10 Km´s o Mário sentia dificuldades, uma antiga lesão que também tinha vindo treinar, e sensatamente decidiu voltar antes que o problema se agravasse, um treino é um treino, mas a UMA fala mais alto. Estávamos a chegar à parte mais difícil, da Fonte da Telha para a frente o areal fica mais solto, as ondas chegam mesmo acima de quem corre, criando dificuldades e obrigando a um serpentear constante, duna acima, duna abaixo. Apesar das dificuldades o Vitor e eu tentámos manter o ritmo forte, ouvimos o Luís Parro despedir-se, estava na hora de também ele voltar. As dificuldades aumentavam, o calor também, éramos só dois contra a Mãe Natureza. As gaivotas arbitravam o duelo, mas nós continuávamos numa passada forte, aproveitando o vai e vem das ondas para tentar correr na área mais compacta, mas logo de seguida tínhamos de fazer um sprint para a duna pois o mar não nos deixava ocupar um espaço que considerava seu. Perto dos 14 Km’s numa tentativa de fugir de uma onda, enterrei o pé na areia e o meu malogrado joelho esquerdo cedeu. Uma dor lancinante obrigou-me a abrandar, deixei o Vitor continuar e fui ficando calmamente para trás. Mas a vontade de chegar à Lagoa de Albufeira era mais forte, passada lenta mas continuei, agora com mais cuidado, correndo na areia solta para evitar as mudanças bruscas de direcção por causa das ondas. Cheguei finalmente à Lagoa, o Vitor já se preparava para voltar. Tirámos a foto para registar o momento, e voltámos os dois.

(fotos gentilmente cedidas pelo Vitor Veloso)

 Tentei, mas o joelho não deixava, o Vitor está muito forte, acredito plenamente que vai fazer uma grande UMA, perguntou-me se estava bem se queria que abrandasse, recusei. Não podia deixar que o meu problema prejudica-se um amigo no seu treino e nos seus objectivos. Era agora uma luta minha até à Costa da Caparica, faltavam “apenas” 15Km´s. Continuei, agora sozinho, vendo o meu amigo Vitor afastar-se, aceitando as dores do meu joelho, mas recusando parar. Estava na altura de me colocar à prova a mim, a minha vontade, e o meu espírito superar o corpo, recusar uma limitação e fazer das tripas coração, como diz a sapiência popular. Foram 4 Km´s, com o corpo a pedir clemência, mas cada vez que o garmin apitava por mais um Km cumprido, renascia a vontade de continuar, de me superar. A maré agora mais baixa, dava tréguas, a arriba fóssil imponente, marcava a paisagem, as gaivotas esvoaçavam por ali, e eu só pensava em chegar, de preferência inteiro. Começava agora a ganhar a luta com o meu corpo, aumentei a passada, e depois um pouco mais, estava a superar a maleita, passei a Fonte da Telha praticamente com 3 horas de treino, e continuei, a Caparica é já ali. O vento aparecia agora de frente, dificultando a passada, serpenteava, não por causa das ondas mas pelos inúmeros banhistas que aquela hora já enchiam as praias, felizmente o piso agora estava melhor, bem melhor. A história invertia-se primeiro a Fonte da Telha, depois a Rainha, a Mata e já se avistava o pontão da Costa, estava mesmo a chegar. Entrei no último Km, um apito do garmin e uma voz que me chamava, pensei por um súbito momento que estava a delirar, o garmin a falar. Mas não, era o Vitor, foi bom ver um bom amigo à chegada. Estavam feitos 30Km em 3H39m, nos areais da Costa Azul. Passei muitas dificuldades, muitas adversidades, consegui superar-me, mas o melhor foi mesmo correr com aqueles raidistas, conhecer pessoalmente o Mário Lima e o Luís Parro e palmilhar as areias com alguns dos muitos “Duros” que no dia 1 vão enfrentar a UMA. A todos eles envio as mais sinceras palavras de Força e persistência para superar tão grande prova, pois a UMA é só uma e bravos muitos serão.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Correndo no Blog

Passaram 3 meses, e a barreira dos 1000 visitantes já passou, o corredor de domingo até num site famoso já apareceu ( www.correrporprazer.com), muito me congratulo por isso, mas sei bem que sem a presença constante, de familiares, de amigos, de conhecidos e desconhecidos esta marca não teria sido alcançada.

Todos os “nossos” blog´s falam a mesma linguagem, a linguagem de quem corre. Usam as expressões da corrida e expressam os sentimentos e emoções que o correr nos transmite. Cada um ao seu estilo e ao seu jeito, partilha com esta grande família de cybernautas corredores, as vivências de cada corrida, de cada treino, de cada lesão, ou simplesmente de cada emoção. Sinto-me parte desta família de gente diferenciadora, que trás dentro de si o prazer de correr, de calcar o alcatrão, a gravilha, a areia, para palmilhar aqueles km´s por trilhos e estradas, que nos fazem sentir livres.
Não interessa se somos rápidos ou lentos, se corremos distâncias grandes ou pequenas, o que interessa, é que estivemos lá, lado a lado com gente por vezes desconhecida do mundo, para com eles partilharmos o prazer de correr.

Obrigado a todos aqueles que me deixaram ser um bloguista corredor, que me aceitaram nesta família, que é de todos e não é de ninguém. Obrigado a todos aqueles que comigo já partilharam km´s, por essas estradas, trilhos e areais, trocando palavras, ideias, experiências e vivências, porque sem isso não seria o mesmo corredor de domingo que sou hoje.

sábado, 10 de julho de 2010

Corredor de Domingo no Correr por Prazer

No Passado dia 6 o corredor de Domingo, foi dado a conhecer aos muitos seguidores do site Correr por Prazer. Foi com muito orgulho que aceitei o convite do Vitor Dias para dar a conhecer o "Corredor de Domingo", na sua rubrica de nome blogosfera Corredora. Para de algum modo imortalizar o momento no meu Blog, perdoem-me a repetição a quem já leu, mas fica aqui o texto na integra.

Corredor de Domingo


Autor: Vitor Dias  Categoria: Blogosfera Corredora

Antes de mais, o meu sincero agradecimento ao Vitor Dias, pelo convite para apresentar o meu blog à blogoesfera corredora, através do seu ilustre site, que é uma referência no mundo bloguista nacional e internacional.

O meu nome é Filipe Fidalgo, tenho 29 anos, sou casado e pai de um menino e para breve também de uma menina. Resido na cidade de Amora, margem sul do Tejo, e fiz da corrida o meu passatempo, mas também a voz da minha revolta perante uma lesão arreliadora que me afastou do desporto. Hoje a corrida é a minha tábua de salvação, mas também a minha linha orientadora para fazer do ano dos 30, um ano marcante.

O Corredor de Domingo é um filho recente na blogosfera corredora, diria até que ainda vai nos primeiros passos. Nasceu no primeiro dia de Abril, como se fosse mentira, e dois dias depois tinha o primeiro post. O nome nasceu por coincidência lógica com o dia em que corria todas as semanas, e ao mesmo tempo homenageando todos aqueles anónimos que fazem do domingo o seu dia de corrida.

O Corredor de Domingo, começou por ser o local ideal para a descrição das minhas peripécias corredoras, bem como a porta de entrada para o desconhecido Mundo dos atletas de pelotão. O Mundo daqueles que ninguém ouve falar, mas que é através deles que os eventos se tornam grandes e a corrida salta todas as fronteiras, tornando-se numa linguagem universal.

Ao fim de apenas três meses, tornou-se não só local de partilha de experiências, mas também de ponto de encontro de vários amigos e atletas de pelotão. A todos eles o meu muito obrigado e sejam sempre bem-vindos ao Corredor de Domingo.


Corram por Prazer, mesmo que não seja ao Domingo.


Filipe Fidalgo

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Entre o treino e o Rio.

Com o aproximar do Verão aumentam os corredores de Domingo, aqueles que querem perder os kilos a mais para caber no fato de banho e fazer figura à beira mar. Tenho pena que não saibam o que é ser um verdadeiro corredor de Domingo, que corre todo o ano faça chuva ou faça sol, apenas porque isso lhe dá prazer.

Todos passamos semanas embrenhados em trabalho, ansiosos por chegar a casa e sermos acolhidos efusivamente pela nossa família, que depois muito nos custa “abandonar” para saciar aquele bichinho que se chama corrida, e que nos corre nas veias, todos os dias das nossas vidas. Esta semana, mudei, aproveitei o sol de final do dia e deixei de ser apenas corredor de domingo. Dois dias, dois treinos, mais de trinta km´s e mais de 2 horas longe da família. Mas compensou pois além de treinar fui recebido efusivamente 2 vezes por dia.

19:30 de quinta-feira, 1 de Julho. Calcei os ténis e fui ver o rio. Saí de casa a precisar de algo, procurei em mim, e sem saber o que precisava, apenas corri. Corri até à Amora, passo a passo, sem obrigações de tempo. Cheguei ao rio e olhei, o espelho de água chamava por mim, fiz figura de forte e contornei. A maré cheia reflectia do outro lado a Arrentela, banhada por aquele sol de final de dia, que nos limpa a Alma e nos aquece ainda mais o corpo que já vai quente da corrida. Absorvendo os km´s continuei, percorrendo sozinho, um percurso cheio de gente, que ora andando ora correndo, partilhavam algo que não era seu, aquele passeio á beira-rio. Cheguei ao Seixal. A estrada cortada mas ainda vazia, tornava-se ideal para correr antes que a romaria às festas inundasse as ruas de um mar de gente. Ali já não havia passeio á beira-rio, apenas estrada, apenas eu e a estrada. Desliguei-me de tudo o que me envolvia. A corrida absorvera os meus sentidos, em cada passada, ouvia apenas a melodia que o meu corpo ritmado criava. Sem dar conta do tempo nem do espaço, acordei sobressaltado pelos muitos e eufóricos benfiquistas que saudavam os seus heróis à porta do centro de estágio. Retornei, percorrendo os mesmos caminhos, agora mais rápido, para também eu ser saudado, mas agora na minha chegada a casa.

19:30 de sexta-feira, 2 de Julho. Depois de ontem, voltei a percorrer o mesmo, as saudades da Baía, as saudades de partilhar o passeio que é de todos, aquele espelho de água, tudo isso me fez voltar. Sair da Amora, saudar a Arrentela e abraçar o Seixal, tudo isso na mesma corrida, é divinal. Já o regresso não foi só o rio, não foi só o passeio e aqueles que o partilham a me acompanhar. O som prévio ao concerto de Jorge Palma embrenhava-se na corrida com os acordes gastos e melodiosos de tantos versos e canções. Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar… É a frase que retive, depois de tirar a mão do queixo e de não pensar mais nisso. Acabei por deixar-me rir. Estava de novo na minha Amora, naquele cantinho à beira-rio, onde as casas baixinhas e as gentes de outrora nos fazem sentir em casa. Nada melhor para terminar mais um treino e mais uma semana.


quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Treino de Domingo...

8h da manhã de Domingo, o restaurante “ O Barbas”, servia de ponto de partida, não para uma corrida, mas para um treino que se avizinhava duro, muito duro.

O Sol ainda meio envergonhado pela hora da manhã, deixava o vento arrefecer o dia, criando por vezes um ar desagradável para uma manhã de domingo. Olhei em redor, estava na hora. Um beijo aos meus amores, mais um nó nos ténis, óculos na cara, chapéu na cabeça e mochila às costas. Lembrei-me que parecia mais turista que corredor, mas tudo era necessário, tudo fazia sentido, o objectivo esse estava a aproximadamente a 30 km de distância. O paredão da costa era a parte mais fácil, depois vieram as primeiras areias, ainda óptimas para correr. A maré nesta altura ainda dava tréguas acenando lenta e descontraidamente a sua presença, absorvendo subtilmente as pegadas deixadas para trás, e apagando o trilho que poderia servir de guia ao retorno. Era uma ida sem certeza de volta, uma “caminhada” contra o sol, a água e a areia, fugindo da sombra, mas sem ambições de enganar o objectivo. Os primeiros km´s voaram rápido, talvez rápido demais. Até à Fonte da Telha, o mar tinha sido benevolente, corria nessa altura sozinho, embrenhado em pensamentos fúteis e absurdos, acenando aqui e ali a desconhecidos companheiros, gente incógnita, sem nome, mas ao mesmo tempo amiga, furto de rápidos encontros e desencontros no mundo da corrida. Depois da Fonte da Telha, fui apanhado pelo TGV (Antunes, Batista e João Abrantes), malta de outros campeonatos, de outros andamentos, carinhosamente apelidados assim pelo amigo Luís Parro, dada a impressionante rapidez com que deslizam pelas areias da Praia. A companhia foi curta mas agradável, meia dúzia troca de palavras, e a certeza que aqueles homens, são malta dura de roer. Fiquei lentamente para trás, não porque o ritmo fosse rápido (que ideia!) mas sim para ter a certeza que faziam batota. Sim, porque os meus pés enterravam-se na areia e os deles a correr mesmo à minha frente nem lhe tocavam. Só pode ser batota, porque correr sem pôr os pés no chão, meus amigos, é batota, só pode (espero que a malta do TGV não me leve a mal porque são atletas verdadeiramente fantásticos)! Continuando. A maré começara agora a carregar, impedindo-me por vezes de correr. De um lado a areia solta do curto areal, do outro, o mar que deixara os suaves acenos dos primeiros km´s, para agora se revoltar contra a costa, empurrando, batendo, gritando, revolta pelo espaço que queria seu. O areal sem resposta, mantinha-se impávido, sereno mas intransigente no seu território. Nesta altura corria sozinho, nesse campo de batalha entre a terra e o mar. Os pés enterrando-se na areia, o sol a queimar a cara. Era como um perdido em terra de ninguém, observado pelas inúmeras gaivotas surpreendidas pela minha presença subtilmente acompanha por outras tantas pulgas da areia que faziam de batedores, saltando alegremente à frente das minhas passadas. Perto do km quinze eis que vejo finamente caras conhecidas, o Vitor Veloso e o António Almeida, vinham de regresso da Lagoa de Albufeira acompanhados pelo Rogério. Não pensei duas vezes, voltei imediatamente para trás, para na companhia destes dois grandes atletas e amigos, palmilhar as mesmas areias de volta à Fonte da Telha. A companhia destes companheiros ofuscou o cansaço e animou a corrida. As passadas ritmadas, os batimentos cardíacos, a respiração ofegante, o bater das ondas, as gaivotas e o mar, serviam de sinfonia à manhã de domingo. Chegava novamente à Fonte da Telha, um abraço aos amigos, um até já, e passava agora à estrada, faltavam 10 km´s para chegar a casa. Subia lenta e vagarosamente a interminável rampa de acesso à praia, quando as pernas começaram a vacilar. Mais um golo de água, um gel e uma barra, mas as pernas já não respondiam da mesma maneira. Passei a Aroeira, lentamente, arrastando o corpo dorido e uma sombra cansada . As pernas doíam e os pés gemiam, cada passada tornara-se numa angustiante dor, que me massacrava a mente e derrubava o corpo. Corri mais 4 km, ignorando umas vezes as dores, outras vezes superando-as. Mas ao chegar à Verdizela uma lacerante dor nos músculos lombares, derrubou-me. Não caí, mas gritei. Gritei interiormente, de dor, de revolta, mas também por ter a certeza que acabara ali, a 5 km´s de casa o treino duro, muito duro de Domingo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Treino no Parque do Serrado

Uns criticam, outros satirizam, mas os do lado de cá do rio regozijam, por saberem que é aqui na margem sul que se sentem em casa, por terem não um, mas sim, vários parques onde podem fazer aquilo que mais gostam, correr.
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A margem sul é propícia a estas coisas, sol quente como um Deserto, mas uma imensidão de água, as gentes por vezes frias, mas um ambiente acolhedor que nos aquece. Entre os concelhos de Almada e Seixal podemos encontrar vários locais que germinam desse calor das gentes da terra, desse brio que enche os que são de cá, para partilhar com os que vêm de lá.
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Este fim-de-semana fiquei por casa, sim porque o treino foi ao fundo da rua, naquele cantinho que posso chamar de casa, devido a tantas vezes já lá ter corrido. 10 km´s no Parque do Serrado, e mais meia dúzia de rampas, isto tudo com um grau de dificuldade média, não pela distância, mas pelo terreno acidentado que marca este pequeno parque na Amora. O pequeno parque acolhia às 9h, vários Corredores de Domingo, bem como alguns afoitos caminheiros que ao som do chilrear dos pássaros e ao cheiro a Alecrim, se juntavam involuntariamente para partilhar aquele ambiente calmo de mais uma manhã desportiva.                                     
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Lembro-me desde sempre de dar umas corridas por ali, ora para um corta-mato escolar, ora para um treino de pré-época, ora para desfrutar apenas de uma pequena corrida. Já vi aquele local ser parque de Campismo para a Festa do Avante, mas também palco do Cross Internacional da Amora, por isso, para mim é uma casa. Tal como muitos dos outros parques espalhados por Almada e Seixal o são para outros corredores de Domingo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Correr uma Maratona….

Todos nós efectuamos uma interpretação diferente da corrida, mas quando entramos numa prova, do primeiro ao último classificado todos tem um objectivo comum ….cortar a meta.
Neste post não falo de nenhuma experiência pessoal, nem descrevo nenhuma das minhas corridas, tento apenas passar um testemunho, ou melhor 5 testemunhos. São 5 pessoas, do atleta de elite ao atleta de pelotão, que têm todos o mesmo objectivo: terminar a maratona de Chicago. São 5 viagens simultâneas ao mundo da corrida, desde o nascer da ideia de terminar uma maratona, passando pela preparação e terminando na linha de chegada.
Todos passam pelos mesmos passos, todos têm o mesmo objectivo, mas todos vivem sentimentos e emoções diferentes em torno da corrida. Percam seis minutos, mas deixem-se levar na frase que serve de mote para o filme...
 
"When you cross the finish line...you change your life for ever".
 
...porque no fim tal como eu, também vão querer terminar uma maratona.
 
 

domingo, 6 de junho de 2010

9ºCorrida do Oriente

Haruki Murakani, escreveu um dia que aquilo que mais gostava era de correr com sol e muita água por perto. Foi isso que aconteceu na 9.ª edição da Corrida do Oriente, o Tejo deu-nos as boas vindas, despediu-se na partida e acolheu-nos à chegada.
Dia de Sol, algum vento, mas com os jardins do Tejo e ele próprio a criarem uma paisagem linda! De um rio que orgulha os lisboetas, só se podia esperar aquela paisagem, que nos enche a alma, e nos abana por dentro como que a empurrar-nos para uma prova que já vai na sua 9.ª edição, nesta parte oriental de Lisboa.


Cheguei uma hora antes para o levantar os dorsais, e como que combinado, chegava à mesma hora a dupla Tandur e respectivas famílias, claro que desta vez também eu levava a minha falange de Apoio. Consultei as listagens e aí estava ele, o Dorsal 1255, que me acompanharia ao longo dos 10km. Um ligeiro aquecimento, uma foto com o puto, uma outra da ponte, o beijinho de boa sorte e já estava pronto. Tiro de partida, começava a aventura. Parti bem com alguns zigue-zagues como que a fintar os mais vagarosos, percorri com o olhar aquele mar de gente, e apesar rodeado de todos aqueles entusiastas da corrida, senti-me sozinho. Não encontrara na partida, o António Almeida nem o Vitor Veloso, bons amigos que certamente seriam uma grande companhia. Enfim, vamos correndo a ver o que isto dá. Ao 3.º km continuava a passar atletas, duas atletas da Garmin com dois dos Caixienses, iam logo ali à frente num ritmo muito idêntico ao que levava, aproximei-me e na primeira subida percebi que as Garmin estavam a ficar para trás, descolei, trazendo atrás de mim os dois caixienses que me acompanharam até aos 5 km, onde por entre duas ou três palavras e um quadrado de marmelada, me desejaram uma boa prova, pois o ritmo estava muito forte. Aí, estava o último retorno, já tinha passado o meio da prova com 20m36s e achei que mantendo ritmo faria uma bom resultado, do lado contrário cruzava o Vítor Veloso que me transmitiu força. Amigo, desculpa não ter respondido mas já ia em modo de poupança. Placa dos 8km, faltavam apenas dois, olhei para o relógio e tinha conseguido manter o ritmo desejado, mas estava na altura de apanhar uma boleia, pois nesta altura ia sozinho e tinha a perfeita noção que era difícil manter o andamento. Apertei mais um pouco e fui colado a dois atletas do Banif, aproveitei a posição para cortar o vento e a boleia da passada rápida em que iam para chegar ao fim. Os três ainda passamos mais 4 atletas que não conseguiram acompanhar o ritmo e vir no nosso encalço. Entravamos na última rua, com nome daqueles que sofrem e vingam, o passeio dos Heróis, era o caminho certo para a meta.


Olhei para o relógio, estava a 200 metros de bater o meu recorde pessoal nesta distância. Não que seja grande coisa, mas consegui, 40m55s mostrava o relógio oficial, estava feito. Chegara a Bom Porto esta corrida. Para meu rejúbilo pessoal o meu filhote chamava-me, alegre de me ver, correndo para comigo recolher as lembranças de final de corrida. Ainda ouve tempo de saudar mais uma vez a família Almeida que bem como os Veloso, ambas famílias de boa gente, com muito orgulho, vivem de modo muito próprio e peculiar estas aventuras de fim-de-semana. Obrigado pela vossa sempre simpática companhia.


segunda-feira, 31 de maio de 2010

2º Corrida das Novas Oportunidades

Céu Limpo, um sol quente e radiante, uma paisagem deslumbrante sobre o Rio Tejo e um Mar de gente com vontade de fazer desporto, tudo por umas supostas Novas Oportunidades. Foi assim a Manhã de Domingo ali para os lados de Belém.

2.ª Edição da Corrida das Novas Oportunidades, 10 km de Alcatrão lentamente aquecido por um sol demasiado quente, era o que nos esperava à partida. Todo aquele mar de gente compareceu à chamada, uns para correr outros simplesmente para andar, não os 10 mas os 3 km da caminhada anunciada. Tiro de partida e os VIP´s (leia-se elite) lá vão em passo acelerado, como quem foge da rebelião que vem já aí atrás a querer fazer sombra aos mais capazes. No meu caso, passei o primeiro km em ultrapassagens rasantes entre curvas e contra curvas estonteantes na tentativa de manter o ritmo e fugir daqueles que não queriam correr mas simplesmente andar.


Depois do primeiro km foi o começar a encontrar a malta amiga, o Miguel que fazia a sua estreia em provas lá ia num ritmo deveras impressionante, com a companhia do Carlos do 4@fundo, fiquei na companhia deles por alguns metros até que algo me chamou à atenção. Alguém da caminhada fazia a festa e por entres o adeus e as palavras de força, vislumbro a dupla Tandur. O António Almeida e o Vitor Veloso iam mesmo ali à frente e eu não os tinha visto, despedi-me do Miguel e do Carlos com as palavras de Força e acelerei para cumprimentar e felicitar pessoalmente a dupla Tandur pelo excelente resultado alcançado na Geira Romana. O andamento ia calmo, talvez calmo demais para aquela hora, sentia-me bem e pronto para esticar um pouco o andamento, e a partir do 3,5km, lá fui. Despedi-me desta vez da dupla com um até já e dei corda aos ténis. O calor apertava e o ritmo subia, nesta altura rolava em 4`30, mas isso não chegava para o que queria. Aproveitei o abastecimento antes de chegar ao cruzamento com Avenida de Ceuta e carreguei mais um pouco, passei mais alguns atletas e quando dei conta estava na altura de voltar, era o regresso, não a casa mas em direcção ao local onde tudo começara, mas desta vez pelo lado da Meta. Entre passagens e ultrapassagens, ficara sozinho. O calor apertava, a 3km da meta, começava a sentir algum desgaste, estava na altura de dar um último esticão, aquele que me levaria à meta. Nesta altura a estrada tinha 2 ambientes, dum lado alguns grupos iam trocando conversas e incentivos, mas do meu ficara o silêncio, um silêncio de sofrimento e concentração, um silêncio que ajudava a poupar energias, e foi nesse mesmo silêncio que conjuntamente com um outro atleta de nome Nascimento, fiz os últimos km, não falámos, não trocámos impressões, a linguagem da corrida falou por nós, as passadas sincronizaram-se, o andamento estabilizou. Estava na altura de deixar rolar a estrada por baixo dos pés, aceitar o sol que nos banhava e nos mostrava o caminho para a meta e acreditar que era já ali.


Consultei o relógio, uma última vez. Bolas! O chip deixara de sincronizar, verifiquei o tempo e de cabeça fiz algumas contas que me diziam que ia num bom andamento, acabara de passar a placa do último km numa passada forte. Cerrei os dentes. Daah! Má ideia! Pensei: “Abre a boca que entra vento e mata a sede, ou então corre mais depressa que te dão água no fim”. E assim foi, corri mais um pouco em busca do oásis, curva à direita e lá estava a chegada. Missão cumprida, 42m31s para percorrer os 10 km.
Depois disto, foi procurar a mulher da minha vida para lhe dar um beijo, e esperar pelos outros companheiros de corrida, o Vítor Veloso, o Miguel, o António Almeida, o Mário e o Carlos da 4@fundo para com eles comemorar mais uma prova terminada. Um grande abraço ao Miguel Coutinho que para uma corrida de estreia fez um resultado muito bom de 44m35s.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Fim De Semana...Sem Provas

Fim semana sem provas, já não é fim-de-semana. Fim-de-semana sem provas e sem treinar…nem sei o que seja, mas foi o que me aconteceu.

Depois do resultado alcançado na meia da areia, fiquei literalmente à “sombra da bananeira”. Não corri este fim-de-semana, e não me sinto propriamente feliz por isso, mas o resultado acabou por ser demais proveitoso, pois foi ficar em casa na companhia daqueles que torcem por mim, daqueles que ouvimos susurrar ao ouvido quando corremos sozinhos, daqueles que me seguram a sombra e ao mesmo tempo me empurram para a frente km a km, “aqueles” são apenas e só a minha FAMÍLIA.
E ser pai, marido, amigo, e tudo o mais para a família é uma ultra-maratona que dura uma vida, e para a qual nunca treinei, mas que tento dia após dia fazer melhor. Podemos estar cansados do mundo, doridos de tanto correr, mas eles estão sempre lá para nos incentivar e mostrar o trilho que se segue, a estrada que continua ou simplesmente para nos abraçar e nos transmitir a alegria que precisamos para nos erguermos e voltarmos a correr.

Esta semana temos a 2ª corrida das novas oportunidades, mais 10km para o registo, mas até lá os ténis têm de sair à rua para palmilhar alguns km´s através do asfalto, para não esquecer o que é correr.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ainda a Meia da Areia....

Não gosto muito de aparecer na foto, mas olhem que nesta até não fiquei nada mal.


Não tinha ideia de fazer esta prova este ano, mas agora que já está feita, só posso dizer que a estreia na areia, foi durinha mas valeu bem a pena.
Para o ano de certeza que lá estarei, pois esta é daquelas provas que nos fica no pensamento, e cada vez que fechamos os olhos, desejamos voltar a percorrer aqueles mesmos grãos de areia que nos aplaudem a cada passada.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

II Meia Maratona na Areia


Mais um fim-de-semana, mais uma prova. E que prova!

Aqui ainda era só sorrisos, o pior veio depois


Participei pela primeira vez na Meia Maratona da Areia que conheceu este fim-de-semana a sua segunda edição. Simplesmente Espectacular! Foi um privilégio conhecer pessoalmente os companheiros da Blogosfera, Vitor Veloso e António Almeida (um grande abraço a Ambos e às respectivas famílias), e percorrer com eles os areais da Costa Caparica nesta edição da Meia Maratona. É sempre um grande incentivo correr lado a lado com grandes atletas.
Cheguei cedinho, recolhido o dorsal 342, e juntamente com meu filhote Tiago, a minha Esposa Cátia (Amo-te) e a minha Matilde que vem a caminho (em Setembro já cá estará para acompanhar as corridas), fomos tratando das fotos para recordar o momento e estendo a toalhinha que o tempo bem pedia.
Passou rápido o tempo de espera e às 9:37 era dado o Tiro de partida à aventura que iriam ser os 21km na Areia. Graças ao grande apoio do Vitor Veloso e do António Almeida lá fui andando km a km ziguezagueando para contornar as repetidas saudações que o mar da Costa ia efectuando a todos aqueles que formavam o grande pelotão, saltando aqui e ali por cima de mais uma poça, claro que isso só resultou até aos 5 km, depois foi esquecer os saltos e molhar os pés.
Em passada ritmada iam-se batendo km´s e ao mesmo tempo saudando aqui e ali os outros bloggers conhecidos: Fernando Andrade, Vitor Dias, Mark Velhote, Ricardo Baptista e tantos outros, que me perdoem por não os mencionar.
Os primeiros 10 km´s, voaram rápido, a organização excelente, O Vítor, tal e qual o Mourinho, ia controlando os tempos e os km’s com uma precisão invejável, ditando a estratégia que nos levaria aos 2 segundos de “fama” no final. Não é fácil correr na areia, engane-se quem isso pensa, é um desafio duro, que requer muita força de vontade, muito espírito de sacrifício, e capacidade superação, para a seguir ao pior km ter capacidade de reagir e procurar o seguinte com a mesma vontade com que se abraça o primeiro. Tudo rolava, as pernas iam dando conta do recado e à medida que íamos passando os amigos da caminhada lá se ouvia a palavra de ordem, “Força”. Mas pouco depois dos 18km’s comecei a notar que já não conseguia responder ao andamento, tentei acompanhar o Vítor e o Ricardo que ia um pouco mais à frente, mas a placa dos 20 bateu-me forte, marquei a distância para ambos e deixei-me ir que o fim já estava à vista. Como no fim vem a melhor parte, aqueles últimos 100/150 metros de areia solta pareciam um prémio da montanha de primeira categoria, foi respirar fundo, cerrar os dentes, com os olhos procurar a família, e esperar que a emoção de chegar me desse mais uma injecção de adrenalina para superar o último obstáculo. Uff, já está. Passar por baixo do insuflável a dizer meta foi realmente empolgante, abraçar o meu filho à chegada, divinal, e saber que tinha terminado a minha primeira Meia Maratona da Areia com 1h44m44s, tornou a manhã de domingo perfeita.



Com os Companheiros de corrida António Almeida e Vitor Veloso, um pouco mais atrás a Susana Adelino (Vencedora da Corrida Feminina, Parabéns Susana)

Terminada a prova e as fotos da praxe com os amigos, estava na hora de regressar pois a Matilde, impaciente, dava pontapés na barriga da mãe, a pedir descanso pois já chegava de praia para ela.

Tive pena de não estar no almoço dos bloggers, para conhecer pessoalmente todos aqueles que adoram correr e partilhar as suas experiências através do Blog, mas a família é quem mais precisa que estejamos presentes, fica para uma próxima, seja num treino, numa corrida ou numa futura patuscada.

PS: Como que para brindar esta minha "conquista", nasceu hoje o meu sobrinho Tomás, quiça um futuro corredor.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Uma Corrida, Dois Segundos

Cada um é como cada qual, mas existe sempre algo que nos une.

Para aqueles que gostam de correr, é a corrida que nos une, pois é algo que nos preenche, que nos torna elementos de outra dimensão, de um outro modo de vida.
Correr é abrir as asas e voar, é ver o chão deslizar por baixo dos pés, é querer chegar antes de partir, é sentir o sol, a chuva e o vento moldar-nos o corpo, e sentir a gravilha, a terra, o asfalto moldar-nos o espírito.
É isso que sinto quando corro.
Transcende-se o corpo e ilumina-se-nos a mente, ignorando as pernas sentimos os pés, os ténis, o asfalto. Sentimos o caminho, não aquele que escolhemos mas aquele que nos encontrou e nos mostrou a direcção. Sentimo-nos pequenos, inferiores, derrotados, mas é no fim que somos heróis, por dois segundos que seja, mas somos heróis porque chegamos ao fim.

É isso que vou procurar este fim-de-semana, na meia maratona da areia. Irei sofrer, irei sentir-me derrotado, pequeno, inferior, mas é aos últimos dois segundos que quero chegar.


Eu vou lá estar.

domingo, 9 de maio de 2010

Correr no Parque - Nike Running Trial III

Já começa a ser rotina. Não que as rotinas sejam más, pelo contrário, as rotinas são mecanismos que nos deixam confortáveis, mecanismos previsíveis sem surpresas e por isso mais aptos a que consigamos retirar o melhor proveito deles. Por isso é bom dizer que este treino da nike se tornou uma rotina.

É bom chegar á ATF, ouvir o nosso cicerone António repetir as regras do jogo, que todos ansiámos voltar a jogar desde o último fim-de-semana. Até o aquecimento é bom de repetir, entre cumprimentos aos companheiros de corrida. O espírito que se vive é único, é tão simplesmente único, como olhar para um lado e ver uma mãe e as 2 filhas efectuar os alongamentos, trocando sorrisos maternais, olhar para o outro e ver um avô passar ao neto o espírito do nike running, isto tudo misturado com aqueles que já fazem do treino uma rotina competitiva, consigo próprios. Está criado o pelotão, a malta de Lisboa também marca presença, voltaram a passar o rio Tejo para connosco desfrutarem de mais uma manhã de corrida (um grande Abraço a estes grandes companheiros). O primeiro km é uma alegria, com trocas de piadas e opiniões, mas que apenas nos prepara para o que aí vem. O grupo acelera a passada e tudo começa a rolar a outra velocidade, mais rápidos mais ágeis que há duas semanas, voámos baixinho, certamente para evitar as nuvens de cinzas vindas da Islândia. Mas ainda bem que o fizemos porque por entre a chuva que caia e nos inspirava a cada momento, fazendo-nos sentir guerreiros valentes sem medo, encontramos uma verdadeira atleta, essa sim uma verdadeira guerreira das grandes competições que eleva o nome Portugal por esses quatro cantos do Mundo, Naide Gomes. Foi bom de ver, que os grandes atletas também se envolvem em treinos à chuva, A Naíde e mais 2 companheiras (perdoem a falta de conhecimento mas não as consegui identificar) treinavam à chuva, mostrando que a elite também treina à chuva, que a elite sofre a cada treino, para ser melhor em cada competição, tal como diz o companheiro Vitor Veloso (http://correrumavirtudeviciosa.blogspot.com/) “ É nos treinos que se ganham provas e não no dia da competição”.
O tempo passou rápido, os km´s rapidíssimo, dado que alguns dos 8 km foram feitos abaixo dos 4 minutos, mas o pelotão aguentou e já no regresso ao Almada Fórum trazia um sorriso de dever cumprido e vontade de continuar aquela manhã de sábado entre amigos e companheiros especiais, neste caso especiais de corrida por estarem ao nosso lado passada a passada.

Um grande abraço a todos aqueles que fizeram este treino valer a pena, apesar do tempo mais adverso, tiveram vontade de sair de casa para fazerem aquilo que mais gostam….CORRER.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Correr no Parque - Nike Running Trial II

Mais um fim-de-semana e mais um treino TAF \ Nike Running, o segundo na margem sul, para ser mais preciso.
O primeiro treino foi giro, mas este foi intenso o suficiente para no regresso nos fazer abrandar, deixando as pequenas trocas de palavras realçar as amizades que já se vão fazendo ao fim de apenas 2 treinos.


Mais uma manhã de sábado, desta feita um pouco nublada. Nada fazia antever que este segundo treino na margem sul iria ser um sucesso pelo largo número de participantes. Claro que só podemos agradecer, àqueles que atravessaram o Tejo para com os South – Runners (perdoem o termo) percorrem alguns km´s, com muita alegria e com o objectivo de partilhar experiências e vivências durante mais uma saudável corrida.
Dois treinos apenas foram o suficiente para deixar a imagem de um razoável pelotão de corredores e ao mesmo tempo de uma pequena família desportiva. Saímos do Almada Fórum a caminho do Parque da Paz, as passadas tornaram-se ritmadas ao mesmo tempo que os 3 grupos se iam dividindo para a corrida da manhã, cada qual com a sua energia, cada qual com o seu ritmo, mas todos com a mesma vontade. Percorremos os trilhos, subimos rampas e descemos declives, curvamos à esquerda e à direita, o vento deixava-se embarcar na corrida, o sol aqui e ali mostrava-se presente, mas o pelotão continuava certinho, passada ritmada, grupo compacto, pisando os km’s em uníssono, como se todos fossemos um só.
Os km´s dissipam-se por baixo dos nossos pés, quando a voz de comando grita bem alto que está na hora de começar a treinar, venha de lá o fartlek que está na altura de parar de rolar e começar a carburar. 3,2,1 não para a partida mas para ordem do fartlek , o primeiro tempo a subir quebrou um pouco o pelotão que depressa se recompôs para o segundo andamento. O terceiro e último foi puxado e rápido, deixando respiração ofegante e o fim à vista.

Ufff, chegou a hora de reagrupar, para o alongamento final e a foto da praxe que mostra bem a pequena família desportiva que vos falei.


Como diria o meu filhote, vitória, vitória, acabou-se a história, mas… para a semana há mais.