Uma semana depois dos 20km´s de Almeirim, e da decisão de última hora de não participar na corrida do Tejo, O Grande Prémio do CR Cruz de Pau passava a ganhar contornos de extrema importância tendo em vista o analisar da minha condição física para a Maratona do Porto.
Apesar de em Almeirim ter ficado aquém das minhas expectativas e de literalmente me ter arrastado os últimos 6km atrás do Vitor Veloso, o tempo de 1h29m22s acabou por ser aceitável. Com a má prova e o regresso das dores no pé direito, no final do dia, tomava em família a decisão de não participar no que seria a minha 1.ª Corrida do Tejo. Uma semana após todas estas peripécias, o GP do CRCP tornava-se uma prova obrigatória para último teste antes do sonho de correr uma Maratona.
Depois de uma noite ventosa e chuvosa, o dia amanheceu com um sol tímido, mas por vezes matreiro fintando as vastas nuvens que cobriam o céu. Às 9h uma beijo à mulher da minha vida, dois aos filhotes e uma festa à cadela marcavam a saída de casa para uma prova ao princípio da rua. Prova esta especial, por ser organizada por um Clube que nutro grande simpatia e por ser o regresso a uma casa onde já fui muito feliz. Foi no CRCP que me tornei treinador e fora os muitos títulos que ali ganhei em pouco mais de 3 épocas, ajudei a criar uma geração de Hoquistas de Elite, várias vezes internacionais e campeões nacionais, sendo curiosamente o expoente máximo dessa geração a minha irmã Cláudia Fidalgo, várias vezes eleita a melhor jogadora Nacional e actual capitã da nossa selecção Nacional. Depois da nostalgia que venha a prova.
Prova de supostos 13000 metros, pois o garmin no fim marcava 14.260 metros, com algumas lacunas na organização que serão certamente corrigidas em futuras edições. Antes da partida deu para saudar “velhos” e “novos” amigos, entre os quais a Ana Pereira (um prazer conhece-la finalmente), o Fábio Ramos e tantos outros a quem deixo um grande abraço. Depois de um rápido aquecimento, a partida cheia de peripécias. Tudo pronto para a corrida, a multidão impaciente mas o tiro tardava, a moto da PSP que iria bater o caminho, não arrancava, a chuva começava a cair mais forte e logo de seguida a buzina que marcaria a largada estava rouca de tanto frio, hilariante.
Logo cedo encontro o Nascimento que fez questão de vir correr à “minha terra”. Trocamos breves palavras e lá fomos num ritmo forte. Aos 3km decidi baixar um pouco o ritmo, passando a rolar conjuntamente com um grupo de 3 atletas em 4m10s a caminho da Verdizela onde estaria o ambicionado retorno. Os primeiros km´s “voaram” sem conversas, sem gestos ou palavras, apenas o som ritmado daquele mar de gente que enchia a estrada, abstraída do mundo, absorvendo apenas a corrida numa manhã de Domingo. Já perto do retorno sou “abalroado” por um grito que trás o meu nome, não descodifico o ciclista obscuro que na faixa contrária gritara, contínuo. Recebo a fita, faço o retorno e recolho a água no abastecimento. 500 metros à frente, o ciclista continuava lá, parado, aguardando a minha passagem. Lado a lado com o ciclista obscuro, que agora reconheço facilmente, José Baptista, um grande amigo, companheiro e mentor na minha aventura como treinador de hóquei em Campo, percorremos alguns km´s em amena cavaqueira, trocando conversas vãs, para colocar em dia as palavras que os anos atrasaram. Só faltou parar para lhe dar um grande abraço.
Estava na hora do último esforço, o garmin apitava 12km´s, mas como conhecedor daquelas estradas, percebi facilmente que era um pouco mais, mesmo assim acelerei. Ao entrar no último km, um furo, ou melhor um ténis desapertado, que em nada mudou a estratégia de forçar o andamento. Cheguei à meta com 54m41s, 33.º no escalão. Depois disto foi abraçar os meus pais e correr novamente, desta vez para casa porque as saudades dos pequenos já apertavam.
Falta agora uma semana para o sonho de correr uma maratona.