domingo, 27 de março de 2011

8ºCorrida de Solidariedade ICPSI-APAV

Existem provas que por várias razões nos marcam e se tornam especiais, e existem outras que mesmo sem serem de eleição estão sempre presentes no nosso calendário. A corrida da ISCPSI-APAV é um desses casos. Não é espectacular, não é uma grande prova, mas é suficientemente boa para me fazer voltar todos os anos, muito por causa da cumplicidade, preocupação e dedicação que existe entre a organização e os atletas e na tentativa de fazer passar a mensagem da APAV.
8.ª Corrida ISCPSI-APAV, com um traçado plano e bastante agradável, esta prova de 10km, com início no largo do calvário, começa a ter contornos de prova obrigatória, como tal lá estive a marcar presença pelo segundo ano consecutivo. Cheguei, 20 minutos antes, sem pressa mas entusiasmado com o facto de voltar a estar ali presente para o tiro de partida. Não demorou muito tempo para começar a ver caras conhecidas, os irmãos Hamilton e Fábio Pio Dias (O fotógrafo corredor) lá estavam a marcar presença com a sua amizade e simpatia acompanhados da inseparável máquina fotográfica. Uma foto, um abraço a ambos e até já que as pernas têm de aquecer. Mas aquecimento nem vê-lo porque os amigos Fernanda e Luis Parro estavam logo ali por perto, e claro está que a malta da margem sul tem de confraternizar em vez de aquecer. Ao fim e ao cabo, são estes momentos de amizade antes da corrida que nos aquecem a alma e nos transmitem a vontade de domingo após domingo, prova após prova, voltarmos a marcar encontro por essas estradas de Portugal.
Tiro de partida, e lá vai disto, hora de colocar em prática mais uma semana de afincados treinos de séries entre a cozinha a sala e o quarto. Não sei onde isto vai parar, as semanas são curtas para conseguir encaixar os treinos, mas faltar às provas está, a modos que fora de questão. O primeiro km, rapidamente passou, com um ritmo abaixo dos 4min\km enquanto o pelotão seguia alongado, numa ordem desordeira de ritmos, vontades, ambições e passadas descoordenadas, até ao Cais do Sodré, onde estava colocado o primeiro retorno. Chegado o primeiro retorno entre os 2 e os 3km, notei que ia um pouco rápido demais para o que tinha idealizado, mas também para a preparação que trazia. Abrandei. A cavalgada louca que trazia, foi substituída por um andamento mais ritmado e compassado, procurando poupar as pernas mas ao mesmo tempo ambicionando manter o ritmo o mais forte possível. Nesta altura, fiquei colado a dois atletas adoptando aquela passada defensiva, mas certa, em que seguiam. De tal modo que perto dos 6km, um grupo de 10 atletas quase passa por mim de mota. Olhei para o garmin e o tempo tinha passado para 4m40s\km. Sem pensar duas vezes, acelerarei e juntei-me aos speedy gonzalez´s que tinham acabado de passar.  Aos 7km, o grupo tinha dado duas sacudidelas no ritmo já por si só rápido, ficando reduzido a 6 elementos. Foi nesta altura ao passar na zona da meta, que vi a minha mulher de máquina em punho para tirar o boneco. Sorri um pouco, para ficar bem no retrato. Mas foi no seu sorriso de resposta que parei e que por momentos esqueci a corrida, ficando rendido naquele sorriso e refém daquela mulher que vive a meu lado todos os dias da minha vida. Acordei aos 8km com a “buzinadela” do garmin, marcando 4m05s\km. Dos 8 aos 9Km, nova aceleração e lá se foi o grupo. O último retorno, era o mote para atacar a meta. Recordei o sorriso. A ânsia de um beijo marcou o ritmo, fazendo voar aquele último km num espectacular 3m39s\km.
Cheguei com 42m23s e tive direito ao tão ambicionado beijo e maravilhoso sorriso da mulher que amo. Ainda bem que há dias assim.

Aqui ficam os números:
Tempo Oficial - 42m23s
97º da geral
49º do Escalão
793 Participantes.

segunda-feira, 21 de março de 2011

21.ª Meia-Maratona de Lisboa

Cada um de nós cria expectativas, objectivos ou simplesmente utópicas ambições antes de cada prova. Mas é através do nosso suor e das mil e uma passadas de uma prova que absorvemos o choque ou o sonho de cortar mais uma meta.

Meia Maratona de Lisboa. Uma corrida que para mim já foi um sonho. Sonho esse, que me abalroou a mente dia e noite, até pela primeira vez ter corrido aqueles 21km. Foi aqui que nasceu o corredor de domingo, quando há precisamente um ano corri a minha primeira meia maratona. Um ano passou, a vida continuou e inclusive cheguei mais além do que alguma vez pensei chegar. Mas um ano depois da estreia, a prova bestial passou a besta.
Há precisamente um ano adorei cada passada, escrevi na minha mente cada metro, cada km e gravei no meu ser aquele cortar de mais uma meta. Este ano, detestei! Apenas me apetece esquecer os 21km que ontem corri. Paguei para correr, porque gosto de correr, mas senti-me desrespeitado por querer correr uma meia maratona. A partida foi um caos, com gente da mini na frente de atletas da meia, com empurrões e encontrões simplesmente, porque existe gente, que tal como eu, só queria ir correr. É muito mau ouvir o tiro de partida para uma meia maratona, e ter a minha frente um senhor de bengala a andar. É muito mau ter de andar a saltar separadores centrais, porque existiam autênticos piqueniques que nos impediam de correr. É simplesmente mau a falta de civismo que acabamos por encontrar só porque queremos correr e outros andar. Como é lógico não são estas situações que tiram grandeza a esta magnifica prova, mas são estas contrariedades que ditam a qualidade de uma organização e nos deixam sem vontade de no ano seguinte voltar.

Sem correr há 3 semanas, devido a alguns imprevistos físicos, a minha espectativa para esta prova era apenas rolar para somar km´s e se possível baixar o tempo do ano anterior. Ideia que ao km 5 já estava totalmente ultrapassada. Acabei por fazer uma corrida sem ambição, sem vontade, apenas com a vontade que acabasse depressa.
Depois do tempo perdido na partida, e sem a capacidade física que me permitisse recuperar, fui andando na tentativa de encontrar alguém conhecido com que fazer o resto da prova. Depois de encontrar o Luis “Flash” Mota, antes da partida e de mais tarde o ver passar em sentido contrário a correr atrás dos Quenianos, poucos companheiros acabei por encontrar. Cruzei-me duas vezes com o “primo” Veloso, cumprimentei o grande amigo Fernando Andrade numa altura que tentava alcançar, sem efeitos práticos, o Vitor e se não fosse ter saudado o Enfermeiro Coutinho, tinha ficado por aí o que costuma ser um mar de encontros e reencontros. Tive 3 momentos de corrida, até aos 5 pouco corri, dos 5 aos 15 tentei recuperar e dos 15 até ao fim foi abrandar e gozar a paisagem.
No fim, com 1h45m oficiais, fiquei ainda mais desalentado, quando alguém me tenta “ roubar” um ténis. Incrível, eu de pé no ar a gritar atrás de um tipo que me levava o ténis agarrado ao carrinho de bebé. Por momentos pensei que tinha acabado a minimaratona, não fosse a dor nas pernas me ter despertado para o facto, que o tipo do carrinho é que não devia estar ali. Enfim.

No meio de tanta coisa a correr mal, foi bom ter encontrado familiares que não via há alguns anos, e que vieram propositadamente de Estremoz para fazer a passagem da ponte a pé. Parabéns pela vossa vontade e ambição.

E claro que não posso esquecer do momento que para mim marca a 21.ª Meia Maratona de Lisboa, a minha mãe que nunca na vida tinha calçado uns ténis para correr, treinou afincadamente e efectuou os 7km´s da minimaratona pela primeira vez, recebendo honradamente a sua medalha no final, com um tempo abismal de 2h02m. Para o ano será certamente uma marca a bater. Parabéns “Velhota”.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Corrida da Árvore 2011

Por tradição o domingo é o dia da família, mas curiosamente também é dia de provas, por isso nada melhor que levar a família à corrida. Pela primeira vez, lá estiveram os meus 2 filhotes e a minha mulher, juntos a ver-me partir e a sorrir por me ver chegar à Meta.

Sem grandes ambições para esta prova, e com a equipa novamente desfalcada, eu e o Vitor Veloso lá teríamos de fazer pela vida de modo a honrar o nome Tandur. Estávamos com uma preparação digna de corredor de sofá, o Vitor a recuperar de uma lesão e eu sem treinar praticamente há 2 semanas. Tudo nos levava a crer que iria ser uma manhã difícil, mesmo que a prova fosse sempre a descer.
Chegámos sem tempo nem pressa, mas mesmo assim ainda deu para um abraço ao Luis Parro e à Fernanda, que tal como nós tinham trocado o Sicó pela corrida da árvore. Os dados fornecidos pela organização eram impressionantes, 1200 participantes inscritos quando no ano passado apenas tinham terminado cerca de 600. Equipar à pressa, aquecimento rápido, beijos à família e estava dado o tiro de partida. A multidão começava a rolar e a serpentear pelas estradas de Monsanto, o Pulmão de Lisboa. Os primeiros metros eram adequados à preparação que levávamos, descidas suaves e não muito rápidas devido ao compacto pelotão. Perto do 1km, a primeira dificuldade, uma subida íngreme que parecia nunca mais terminar. Mesmo assim eu e o Vitor lá fomos serpenteando, e ultrapassando alguns corredores mais lentos. Não é que a nossa velocidade fosse muita, mas nesta altura as pernas davam para a aventura. Perto do 2km, senti que ia rápido, rápido demais para aquilo que tinha imaginado para esta prova. Olhei para trás e vi o Vitor uns 10 metros atrás. Chamei por ele, que rapidamente se colou no meu encalço. Mas algo não estava bem. Continuamos naquele louco carrocel de subidas e descidas constantes, num ritmo rápido, sem preocupações dos treinos em falta ou lá o que fosse. Perto do 4km apercebo-me que o Vitor não estava por perto, levava cerca de 20metros de atraso. Abrandei e gritei-lhe novamente. O meu amigo estava em dificuldades. Incentivei, marquei o ritmo, mas o Tandur Veloso estava num mau momento. Vendi-lhe um cubo de marmelada por mais um km no meu encalço até ao abastecimento aos 5km. É certo que ele bem me tentou demover, mas era impossível. Chegado o abastecimento, era tempo das verificações técnicas. Consultei o garmin e hidratei-me o suficiente, sentia-me bem e as pernas estavam a responder melhor do que pensava. Antes dos 6km uma descida longa, onde aproveitei para embalar e ganhar algum tempo perdido nas subidas anteriores, com isso perdi o contacto com o Vitor. O pior da prova chegava agora aos 7,5km, pois dali até ao fim era sempre a subir, com inclinações por vezes na ordem dos 5%.
Nesta altura, eu e outro corredor que desconheço o nome, íamos praticamente no mesmo andamento, numa passada rápida e forte para enfrentar as subidas. Foi nesse andamento que cortei a meta com 43m40s e abracei o meu filhote, eufórico por me ver chegar.


Estava feita a minha primeira corrida da árvore. Corrida que considero difícil, pelas constantes subidas e descidas e que com os treinos que não tenho feito, a tornaram muito mais complicada. Mas a paisagem é verdadeiramente magnifica, e correr neste enorme pulmão da cidade de Lisboa é magistral, calcorreando aquelas estradas serpenteantes pelo meio do denso arvoredo, saboreando o espaço envolvente e respirando o ar mais puro da cidade.


Mesmo assim, os Tandur honraram o nome com duas classificações dentro dos 100 primeiros atletas num conjunto de 1023 que chegaram à meta.