quarta-feira, 18 de maio de 2011

III Meia Maratona na Areia

Corri pela segunda vez a meia maratona na areia...que saudades de correr à beira - mar.
Mais uma meia concluída, mas não é uma meia qualquer, é a meia maratona na areia uma prova de corredores para corredores realizada nos areais da Costa Azul, com partida e chegada na Costa da Caparica.  Desta vez o clã foi todo à Prova, até a minha pequena Matilde foi saber o que era a praia, pena o vento forte que apenas serviu para chatear.
Depois de recolher o dorsal e entre dois dedos de conversa e meia dúzia de posses para a fotografia com alguns companheiros e amigos, os Tandur (Eu e o Veloso), lá foram para mais uma aventura no areal da caparica. 9:30, tiro de partida. O mar de côr, anteriormente condensado e compacto, libertava-se pelo areal.
As camisolas coloridas, espalhavam-se velozmente. Sem ordem. Sem jeito. Como se de suaves pinceladas se tratassem, invadiram os tons suaves da areia e do mar. Os primeiros km´s, foram envoltos pela côr e pelas gentes, circundados de um lado pelo mar e pelo outro pelas dunas, mas esmagados pelo azul do céu e o seu sol quente de Maio, mas ao mesmo tempo varridos pelo vento forte, pesado, e traiçoeiro. A maré agora baixa, deixava uma pista, marcada aqui e ali por pegadas enterradas na areia de outros que também correm. Sem trilhos, sem estradas, apenas um cone, e agora outro, e daqui a pouco, novamente aquele cone. Apenas com um número, a recordar o caminho feito mas sem avisar o que estava por fazer. Tinham passado 5 kms, quando o primeiro abastecimento nos traz a cara amiga de outro Tandur, o António Almeida. Estava hoje do lado de fora a distribuir aquele bem tão precioso, nestas andanças, a água. Até à Fonte da Telha, a pista foi perdendo a forma, o jeito e ao mesmo tempo ganhando, sobressaltos e zonas matreiras. O areal anteriormente mais rijo era agora solto até bem perto do mar, criando um zigue-zangue constante, num jogo de gato e do rato entre manter os pés secos ou molhados por uma onda mais longa que nos apanhasse de surpresa. Já perto do retorno, os treinos outrora falhados, começam a matar o ritmo. Deixei ir o Vitor. É nestas alturas que se nota quem treina, e quem simplesmente não o faz. Ciente das dificuldades que passaria, abrandei. Recolhi o fio de nylon que marca o retorno e deixo-me  ir. A primeira cara conhecida que vejo, em sentido contrário deixa-me surpreso, o meu amigo Coutinho, a fazer a estreia nesta prova vinha logo ali. Voltei a pensar, mais um que treina e eu não. O cruzar de atletas nos dois sentidos era agora uma constante, o que verdade seja dita anima que vem de regresso e aborrece os que ainda vão a caminho do retorno. É nestes momentos que só me vem à cabeça que a partir dali é a descer. Depois, do Carlos Melo, o Luis Parro e o Mário Lima passarem por mim, ganhei ânimo, ainda vejo o Vitor ao longe e isso ajuda a aumentar o ritmo. Novamente na passagem pela Fonte da Telha o piso melhora um pouco, faltam 7 para o fim. Sinto que as pernas estão bem e o ritmo vai aumentando km após km, duvido que o garmin me minta nestas alturas. Levo comigo ainda uma garrava do último abastecimento, já vazia não serve de muito, mas com a chegada aos 15km, o Almeida, dá corda aos sapatos e corre a meu lado, incentivando e fornecendo mais uma garrafa cheia. Aquele incentivo, valeu ouro. Isto é para correr e não para vir à praia passear. Sem pensar muito, vejo a Costa da Caparica a aproximar-se, serpenteio pelo meio dos caminhantes, banhistas e afins. Estou quase lá. 21 km e o meu filho espera por mim, aquele seu sorriso malandro enche-me de orgulho. Corre para mim e dá-me a sua pequena mão, para lado a lado com o “velhote” terminar a meia na areia. Assim vale a pena chegar à meta, mesmo que seja com 1h44m04s.

Depois disto, ainda tive tempo de abraçar o Vitor e voltar atrás para fazer os últimos metros lado a lado com o Coutinho, que derrubado pelo vento forte e pela areia nos pés já vinha descalço com os ténis debaixo do braço.
Em último, duas palavras. A primeira de bastante apreço e satisfação pela Excelente organização do mundodacorrida.com, na minha opinião, sem falhas, observações ou reparos. A segunda de desprezo e desilusão por ver que muitos atletas ainda se comportam com gestos sem ética, atirando garrafas vazias para qualquer lado e direcção. Eu, deixei todas as garrafas vazias no local apropriado no abastecimento seguinte e inclusive, terminei a prova com a garrafa do último abastecimento vazia e amachucada na mão, apenas e só por uma questão de civismo e respeito pelas praias e pelos banhistas de quem também muitas vezes faço parte.