segunda-feira, 25 de março de 2013

23.ª Meia Maratona de Lisboa


Pela 4.ª vez estive na meia maratona da ponte. Esta prova amada por muitos e odiada por outros tantos, não é uma prova qualquer. Por mais que digam mal, mais que se esforcem para arranjar defeitos, erros, dificuldades, ninguém pode negar que esta organização do Maratona Clube Portugal, é uma máquina bem oleada, e tão bem afinada que quase roça a perfeição. Não é fácil colocar 40.000 pessoas a correr para o mesmo lado. Não é fácil organizar e gerir uma prova com 8126 atletas chegados na meia maratona. E tudo mais difícil se torna, quando se concluí, que na 23.ª edição tudo continua a ser “quase perfeito”.

Tal como toda a gente, não gosto de estar a secar 1hora /1h30 antes da partida de uma prova, mas gosto de chegar ao fim e passar aquele pórtico com ideia do dever cumprido. Não gosto de pagar um valor tão avultado para correr, mas gosto de correr com todas as condições que esta prova nos dá. No fim o resultado acaba sempre por ser positivo, e corra a prova bem ou mal, no ano seguinte só lá não estou se não puder.

Este ano tenho feito menos provas, os treinos também não têm propriamente abundado, o último treino acima de 10km´s já tinha sido há 3 semanas. Mas como falta de treinos é uma coisa normal no meu “elaborado” plano de treinos, marquei o objectivo entre a 1h30m/1h35m como tempo de chegada. Antes da partida tudo parecia perfeito, os ténis que a esposa comprou, os filhotes a desejar boa sorte, e as pernas a querem correr, só faltava mesmo começar a correr.

Aquela hora antes da prova é sempre ocupada com o rever dos companheiros e meia dúzia de passos para aquecer. Acaba sempre por passar rápido, e tão rápido que é o 4.º ano que faço a prova e nunca ouvi o tiro de partida, quando damos conta só nos sentimos levados pelo banho de multidão a correr pela ponte fora. Cedo perdi o “primo” Veloso, mas mesmo assim não desanimei por ir sozinho, tinha marcado o objectivo de chegar perto da 1h30m e como tal bastava-me correr atrás do balão. De princípio o resultado não era propriamente animador, o balão da 1H30m já ia no viaduto da saída de Alcântara e eu ainda estava na ponte, mas objectivos são objectivos e desistir sem lutar por eles não está nos meus genes. Acertei um passo um pouco mais rápido e aproveitei a descida para ganhar uns preciosos segundos. Ao chegar ao primeiro retorno, perto do campo das cebolas, o balão estava a 400 metros (medido a olho), acreditei que era possível chegar lá e voltei a forçar mais um pouco. Cais do Sodré, Santos e o balão já ia ali a 100 metros, pensei que se o apanhasse até Belém podia aspirar a algo mais. Mas a partir de Santos, o vento começou a fazer mossa, aqueles 150 metros que me separavam do marcador, eram preenchidos por meia dúzia de atletas que iam “caindo”, sem conseguir acompanhar o ritmo imposto pelo pacer. A partir de Alcântara, tomei a decisão de não continuar com aquela luta que parecia inglória. Baixei o ritmo e limitei-me a gerir a passada para não me desgastar mais. Algés e o último retorno, mudava as regras, agora o vento que tanta luta deu, empurrava-nos para a meta. Voltei a forçar o andamento, começando a passar alguns atletas já em dificuldade, depois da ventosa luta travada nos km´s anteriores. Cortei a meta com 1h31:39 (tempo de chip). Objectivo atingido, sem grande desgaste e com um sorriso nos lábios. Dever cumprido. Depois foi ligar para casa dar as noticias de mais uma prova concluída e esperar pelo resto do Clã Fidalgo para a foto da praxe.

A organização este ano bem que se tramou porque só o clã Fidalgo levou 4 medalhas para casa.

domingo, 3 de março de 2013

Num ritmo diferente...


Por vezes parecemos distantes. Não porque queríamos parecer distantes, mas apenas distantes porque algo nos fez parar para pensar, ou simplesmente abrandar o ritmo alucinante que as nossas vidas levam.

Escrevi aqui no meu blogue há cerca de 4 meses, parece distante, mas não. Abrandei apenas um pouco para fazer uma análise, calma e ponderada. Não quis parecer distante, nem saudosista, nem nunca pensei sequer em parar, apenas abrandei.

Passaram 4 meses, com muitas histórias que ficaram por contar, mas certamente não ficaram por viver. Corri mais uma maratona (Maratona de Lisboa 2012), a minha 4º e nem uma linha escrevi, faltaram palavras para descrever os sentimentos e emoções vividas. O rascunho nunca deixou de ser rascunho e as palavras acabaram enroladas numa bola de papel. Guardei-as apenas para mim. O ano virou e por momentos voltei a ser pirata (treino Pirata dos CAAPP). Desta vez sem uma crónica de odisseias mirabolásticas e força de superação. Apenas fui, corri e nada contei. Voltou o rascunho, voltaram as bolas de papel, cheias linhas e palavras por partilhar. Mas mesmo sem partilhar o momento, vivi o mesmo com a mesma intensidade de sempre. No último mês veio o Arinto (1ºTrail de Bucelas), e senti que algo mudou, saí da estrada e mudei. Silenciosamente mudei o rumo da corrida que tanto gosto. Calma e pausadamente, cortei cada linha do plano de provas para 2013 que não encaixava no meu “novo” conceito de corrida, num novo eu corredor. Risquei cada linha lado a lado com a minha companheira de aventuras, de desafios. A mesma pessoa que sempre amou cada momento da minha corrida da mesma maneira com me ama a mim. Sem Ela, a mulher dos meus filhos, a mulher da minha vida, a corrida não me teria mudado da mesma maneira, pois tal como quando tudo começou, comprou-me uns novos e fieis ténis de corrida e numa voz doce, disse apenas para correr nos trilhos com a mesma paixão que corro na estrada. Assim tudo mudou sem nada ter mudado, apenas renasceram os objectivos e cresceram novos desafios. E como a vida de corredor é mesmo feita de desafios, juntei-me ao pessoal que tal como eu faz da corrida um walk in the Park, tornando-me membro dos CAAPP (Clube de Atletismo Amigos do Parque Paz). E como tudo parece mudar sem nada ter mudado, procurei todas as folhas de papel, juntando todas as palavras que pareciam perdidas, criando novamente as frases de aventuras e feitos de um Homem comum no louco mundo das corridas.

No fim sei que não parei, não abrandei... simplesmente corri num ritmo diferente!